CANÇÕES NAPOLITANAS
Já tivemos ocasião de tecer considerações sobre
a voz e a arte desse admirável vocalista italiano que é Francesco Albanese
quando de suas primeiras gravações, para a Cetra, de Milão, lançadas entre nós
através da Continental, que mantém um convênio com a aludida firma gravadora
peninsular.
A mesma Cetra, agora, vem de lançar mais uma
série de discos, com Francesco Albanese, considerado, no momento, o maior
intérprete, na Itália, de canções napolitanas da atualidade. O aplaudido
vocalista que, ainda há pouco, nos ofereceu uma longa série de audições no
Brasil, possui, com efeito, voz e temperamento artístico para a correta
interpretação desse gênero de canção popular, cheio de exigências e sutilezas,
no qual apenas os grandes artistas, fonograficamente falando, podem satisfazer
plenamente.
As canções em número de doze – seis discos – são
das mais apreciáveis e constitui uma questão de gosto pessoal indicar qual a
que mais agrade, pela sua beleza ou pela interpretação de Francesco Albanese.
Algumas, todavia, parecem terem sido gravadas ainda no começo da carreira desse
artista, como se pode facilmente notar pelo timbre de sua voz. Entretanto,
Albanese nos pareceu melhor em Torna a Surriento e Dicitencello Vuie,
onde ele exprime com mais vigor a sua exuberante veia artística, vocalizando
com frisante sensibilidade e dando às tradicionais e belas páginas musicais
napolitanas, uma das mais sentidas interpretações que, no gênero, jamais
ouvimos.
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Francesco Albanese |
A título de curiosidade, vamos relacionar, aqui,
as canções que Francesco Albanese gravou para a etiqueta milanesa e que faz parte
do suplemento do mês corrente, anexo ao da Continental, responsável pela
distribuição dos discos Cetra. Ei-las:
Nun’a penzo proprio chiú, Nun me scetá, Varca ‘e nisciuno,
Tu ca nun chiagne, Senz’odio e senz’ammore, Nuttata ‘e sentimento, Marechiare, Torna a Surriento, Canto ma
Sottovoce, Quanno tramonta ‘o sole,
Dicitencello Vuie, e, finalmente, Na sera ‘e maggio.
Em todas as referidas canções, Albanese se porta
de forma apreciável, como dissemos. Há, todavia, entre as gravadas há muito
tempo e as executadas recentemente uma pequena diferença na tonalidade vocal do
artista, o que, porém, não desmerece a sua arte, que é superior e digna de
admiração. As duas que apontamos, entretanto, sem dúvida nenhuma, são as
melhores. Se o leitor, apreciador das canções napolitanas, adquirir todos os
seis discos, não tenha dúvida de que estará bem servido.
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Francisco Canaro |
Na foto: Foi preciso que Canaro anunciasse a sua
vinda ao Brasil para descobrir que se encontrava gravemente enfermo. De fato,
ao ser examinado, pouco antes de marcar o seu embarque para realizar uma
temporada em São Paulo, o facultativo descobriu que o célebre chefe de uma das
mais famosas orquestras típicas da Argentina estava com uma série lesão
cardíaca, que o impedia de viajar. E foi com tristeza, ao que divulgaram os
telegramas, que Francisco Canaro cancelou a sua viagem ao Brasil. Todavia o seu
último disco para a Odeon veio e já está presente no suplemento do mês próximo:
Naipe e Angelitos Negros, o sentido bolero de Maciste e Blanco,
em compasso de tango, são os números que apresenta. Como geralmente, Canaro e
sua típica estão magníficos.
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