Várias têm sido as cartas endereçadas a esta
seção por amáveis leitores do interior. Impossibilitados de responder um a um a
todos esses amigos, desejamos deixar registado aqui os nossos melhores
agradecimentos pelas palavras de estímulo. Um agradecimento em especial,
entretanto, queremos deixar patente ao Dr. Wilson Bussada, de Jaboticabal. Foi
excessivamente gentil em suas considerações.
E já que estamos fazendo referência à
correspondência a nós dirigida, vamos atender a um pedido feito pela Srta.
Maria Dulce Setúbal, de Itapetininga, no sentido de traçarmos o perfil
artístico do bolerista Gregorio Barrios.
Gregorio Barrios, Maria Dulce, não é mexicano,
como muita gente supõe. Nem tão pouco argentino, como pensam outros. Nasceu em
Bilbao, Espanha, no ano da graça de 1911. Já exerceu muitas profissões.
Entretanto, só em 1934 descobriu que possuía uma voz privilegiada, da qual, por
sinal, anda descuidando ultimamente, do que dá prova a sua última gravação, Hipócrita.
Desde 1938 reside em Buenos Aires, onde estudou canto. Pouco depois, estreou no
broadcasting portenho e, em cantou com grande orquestra no Teatro Colón,
que é, como se sabe, o Municipal da capital portenha. Realizou, mais tarde, uma
excursão por toda a América Latina, tendo atuado, em diversas temporadas, nas
emissoras da capital da República e de São Paulo.
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Gregorio Barrios |
O primeiro disco do festejado vocalista
hispano-argentino – como é apresentado por inúmeros locutores – foi Palabras
de Mujer, gravado em 1945. Seguiram-se Dos Almas, Una Mujer, Inutilmente,
Somos, Final, Fué en Buenos Aires, Maria Bonita, Palida
Canción, Hipócrita, Necessito Verte, Ay de Mi, este
último ainda não lançado no Brasil. Todas essas gravações foram realizadas para
o selo Odeon, do qual é artista exclusivo.
Uma das coisas que Gregorio Barrios mais aprecia
é a poesia. Gosta de declamar e recita tão bem quanto canta. Seu autor
preferido é García Lorca, cujos versos Gregorio sabe na ponta da língua. Não é
exagerado no trajar-se, embora envergue boa roupa e muito bem talhada. Parece
que não gosta muito de freqüentar o barbeiro, pois ostenta, invariavelmente
basta cabeleira, à qual besunta com excessiva brilhantina. Fuma muito, o que já
está prejudicando a sua voz. É míope. Mas usa óculos do último modelo, isto é,
daqueles que se adaptam diretamente ao glóbulo ocular, muito em voga, no
momento, nos Estados Unidos.
Disponha, Maria Dulce.
Na foto: Gregorio Barrios, cujos traços
biográficos apresentamos hoje, atendendo a uma solicitação de amável ouvinte de
Itapetininga, apesar de andar descuidando um pouco da conservação de sua bela
voz, fumando em excesso, continua sendo o bolerista nº1, quer pelo seu real
valor artístico, quer pela preferência do público pelas suas audições
radiofônicas ou pelos seus discos, que, invariavelmente, atingem vendas
“recordes”.
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