sexta-feira, 30 de maio de 2014

Diário da Noite, 25 de setembro de 1950

VÁRIOS LANÇAMENTOS

A Victor, depois de nos oferecer, pelo seu suplemento do corrente mês, três gravações em que apresentou ao público brasileiro a voz impressionante de Mario Lanza, “o Caruso do século XX”, incluiu em sua lista para outubro, em sua famosa série “selo vermelho”, mais um disco do jovem e já famoso tenor. Neste disco vamos ter: O Sole Mio, de Di Capua, e Mattinata, de Leoncavallo. Dois antigos e sempre apreciados números que receberam de Mario Lanza tratamento dos mais superiores, oferecendo-nos uma verbalização deveras soberba em ambas as partituras. O acompanhamento foi feito por grande orquestra a cujo nome e regente o selo não faz qualquer referência. Entretanto, trata-se de um conjunto possuidor de elevado número de elementos capazes, o que aliás, transparece em ambas as faces do disco em apreço.

Mario Lanza, ou Alfred Arnold Cocozza, seu nome real, através das gravações em questão, nos proporciona uma das mais perfeitas interpretações das páginas de Di Capua e Leoncavallo.

* Peter Kreuder, o popular pianista germânico que esteve entre nós até pouco tempo, será apresentado pela Victor, este mês, através de dois discos, nos quais vamos encontrar A Canção da Primavera, de Mendelson, Rosa de Maio, de Custódio Mesquita e Evaldo Rui, e Melodias de Strauss, em duas partes, onde nos é oferecida uma seleção de valsas do imortal compositor vienense. Contos dos Bosques Vienenses, Danúbio Azul, Imperador, Rosa do Sul e Sangue Vienense foram as páginas escolhidas por Peter Kreuder para elaborar este seu arranjo pianístico.

Propaganda de um lançamento de Peter Kreuder em 1943
O estilo de Peter Kreuder é sempre aquele, agradando a alguns e irritando a outros. De nossa parte, gostamos muito do seu arranjo da página de Custódio Mesquita, Rosa de Maio, gravada há algum tempo, como se sabe, por Carlos Galhardo. Já A Canção da Primavera, neste seu arranjo, até a metade da gravação é suportável. Daí por diante é de uma monotonia enervante.

Dunga
Os que apreciam valsas vienenses, porém, não devem perder o disco da seleção de valsas de Strauss.

* Emilinha Borba, que muitos cronistas radiofônicos não compreendem a razão de sua popularidade, gravou para a Continental mais um disco em que são apresentados dois sambas: Jurei, de Nássara e Dunga, e Boa, de Marília Batista e Wilson Batista. Temos a impressão de que Emilinha, desta feita, não foi muito feliz na escolha das composições, razão porque nos proporcionou duas faces bem fraquinhas. Jurei, com alguma boa vontade, pode ser aceito. Boa, entretanto, é de uma inexpressividade à toda prova.

* Garoto, o admirável solista de bandolim, voltou a comparecer ao suplemento Odeon do corrente mês, nas páginas de Benedito Lacerda e José Ramos, Dinorá, e de Atílio Bernardini, Beira Mar.

Garoto
O valor artístico de Garoto todos já conhecem, através de suas atuações pelo rádio ou pelas suas gravações anteriores. Neste seu disco, admiramo-lo mais na face de Dinorá, dada a movimentação do choro, que dá ensejo a que o solista, em vista das dificuldades da composição, demonstre a sua técnica, segura e perfeita. Todavia, na valsa-choro de Atílio Bernardini, Garoto deixa transparecer a sua fina sensibilidade, através de uma interpretação digna das melhores referências.

* Caco Velho, apesar de muitos não compreenderem o seu estilo, é um dos valores do nosso rádio que conta com elevado número de fãs. É que ele criou uma forma de cantar, diferente de qualquer outro sambista. Quase sempre, no final das suas interpretações, ele transforma sua voz numa autêntica cuíca, realizando verdadeiros malabarismos vocais. Seus fãs se deliciam. Os que acham isso estranho, blasfemam!

Caco Velho
O aplaudido vocalista colored vem de gravar para a Continental dois sambas: Por um Beijo Teu, de Ciro de Souza, e Nêga Mentirosa, de Mário Sena e dele próprio. Secunda-o Robledo e seu “Sete de Ouros”. Em ambas as faces Caco Velho canta de acordo com o seu estilo, dando, no final, o seu toque pessoal, transformando a voz em cuíca. Um disco, portanto, recomendável aos fãs de Caco Velho.

George Melachrino
Na foto: George Melachrino, o festejado regente e orquestrador, cujo conjunto é dos mais apreciados em todo mundo, terá mais uma de suas gravações editadas pela Victor. Os números constantes desse disco são os seguintes: Clopin-Clopant, de Cocquatrix, gravado já por uma porção de artistas de renome, como Jean Sablon, Yves Montand, Frank Sinatra, Jean Cavall, Charles Trenet; e Sonho de Valsa, famosa composição de Oscar Strauss.

Como sempre, as orquestrações de Melachrino, de ambas as páginas, são admiráveis, dando-lhes colorido novo, moderno, que agrada o nosso sistema auditivo.

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