A Victor, depois de nos oferecer, pelo seu
suplemento do corrente mês, três gravações em que apresentou ao público
brasileiro a voz impressionante de Mario Lanza, “o Caruso do século XX”,
incluiu em sua lista para outubro, em sua famosa série “selo vermelho”, mais um
disco do jovem e já famoso tenor. Neste disco vamos ter: O Sole Mio, de
Di Capua, e Mattinata, de Leoncavallo. Dois antigos e sempre apreciados
números que receberam de Mario Lanza tratamento dos mais superiores,
oferecendo-nos uma verbalização deveras soberba em ambas as partituras. O
acompanhamento foi feito por grande orquestra a cujo nome e regente o selo não
faz qualquer referência. Entretanto, trata-se de um conjunto possuidor de
elevado número de elementos capazes, o que aliás, transparece em ambas as faces
do disco em apreço.
Mario Lanza, ou Alfred Arnold Cocozza, seu nome
real, através das gravações em questão, nos proporciona uma das mais perfeitas
interpretações das páginas de Di Capua e Leoncavallo.
* Peter Kreuder, o popular pianista germânico
que esteve entre nós até pouco tempo, será apresentado pela Victor, este mês,
através de dois discos, nos quais vamos encontrar A Canção da Primavera,
de Mendelson, Rosa de Maio, de Custódio Mesquita e Evaldo Rui, e Melodias
de Strauss, em duas partes, onde nos é oferecida uma seleção de valsas do
imortal compositor vienense. Contos dos Bosques Vienenses, Danúbio
Azul, Imperador, Rosa do Sul e Sangue Vienense foram
as páginas escolhidas por Peter Kreuder para elaborar este seu arranjo
pianístico.
Propaganda de um lançamento de Peter Kreuder em 1943 |
O estilo de Peter Kreuder é sempre aquele,
agradando a alguns e irritando a outros. De nossa parte, gostamos muito do seu
arranjo da página de Custódio Mesquita, Rosa de Maio, gravada há algum
tempo, como se sabe, por Carlos Galhardo. Já A Canção da Primavera,
neste seu arranjo, até a metade da gravação é suportável. Daí por diante é de
uma monotonia enervante.
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Dunga |
Os que apreciam valsas vienenses, porém, não
devem perder o disco da seleção de valsas de Strauss.
* Emilinha Borba, que muitos cronistas
radiofônicos não compreendem a razão de sua popularidade, gravou para a
Continental mais um disco em que são apresentados dois sambas: Jurei, de
Nássara e Dunga, e Boa, de Marília Batista e Wilson Batista. Temos a
impressão de que Emilinha, desta feita, não foi muito feliz na escolha das
composições, razão porque nos proporcionou duas faces bem fraquinhas. Jurei,
com alguma boa vontade, pode ser aceito. Boa, entretanto, é de uma
inexpressividade à toda prova.
* Garoto, o admirável solista de bandolim,
voltou a comparecer ao suplemento Odeon do corrente mês, nas páginas de
Benedito Lacerda e José Ramos, Dinorá, e de Atílio Bernardini, Beira
Mar.
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Garoto |
O valor artístico de Garoto todos já conhecem,
através de suas atuações pelo rádio ou pelas suas gravações anteriores. Neste
seu disco, admiramo-lo mais na face de Dinorá, dada a movimentação do
choro, que dá ensejo a que o solista, em vista das dificuldades da composição,
demonstre a sua técnica, segura e perfeita. Todavia, na valsa-choro de Atílio
Bernardini, Garoto deixa transparecer a sua fina sensibilidade, através de uma
interpretação digna das melhores referências.
* Caco Velho, apesar de muitos não compreenderem
o seu estilo, é um dos valores do nosso rádio que conta com elevado número de
fãs. É que ele criou uma forma de cantar, diferente de qualquer outro sambista.
Quase sempre, no final das suas interpretações, ele transforma sua voz numa
autêntica cuíca, realizando verdadeiros malabarismos vocais. Seus fãs se
deliciam. Os que acham isso estranho, blasfemam!
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Caco Velho |
O aplaudido vocalista colored vem de
gravar para a Continental dois sambas: Por um Beijo Teu, de Ciro de Souza,
e Nêga Mentirosa, de Mário Sena e dele próprio. Secunda-o Robledo e seu
“Sete de Ouros”. Em ambas as faces Caco Velho canta de acordo com o seu estilo,
dando, no final, o seu toque pessoal, transformando a voz em cuíca. Um disco,
portanto, recomendável aos fãs de Caco Velho.
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George Melachrino |
Como sempre, as orquestrações de Melachrino, de
ambas as páginas, são admiráveis, dando-lhes colorido novo, moderno, que agrada
o nosso sistema auditivo.
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