UM TRIO APRECIADO
A Victor, não faz muito, lançou um disco pelos
Three Suns, em que eles interpretam, num arranjo especial, a Serenata da
Mula, de Friml, e a Serenata de Schubert. Não tivemos ocasião de
apreciar esse disco porque, infelizmente, ele não nos chegou às mãos. Todavia,
ouvindo-o agora pudemos constatar do seu valor, especialmente pela face em que
executam a Serenata, de Schubert, que eles transformaram, de tênue e
confortante melodia, numa versão acentuadamente ritmada, em compasso 4/4.
Os Three Suns, compostos de órgão, acordeão e
baixo (em algumas gravações empregam o vibrafone), constituem um dos mais
agradáveis conjuntos no gênero. A combinação dos instrumentos, feita sempre com
inteligência, resulta em sons curiosos, de efeitos imprevistos, sempre
agradáveis. Os instrumentos revezam-se nos solos, chocando-se às vezes, no tema
principal da melodia, constituindo aí, principalmente aí, nesse choque de sons
diversos, a arte do trio, pois o ouvinte aguarda sempre um resultado
imprevisto, isto é, sons combinados de forma agradável.
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The Three Suns |
Mas não é da gravação das Serenatas, de
Friml e de Schubert, que vamos falar em nossa nota de hoje, senão de duas
outras Serenatas, a de Romberg, que faz parte da opereta O Príncipe
Estudante e a de Bixio e Cherubini, intitulada Serenata ao Luar, que
a Victor está colocando nas revendedoras, ainda em gravação dos Three Suns.
A Serenata de O Príncipe Estudante,
de Romberg, é uma página musical bastante conhecida do grande público, graças
ao rádio-teatro. É ela utilizada com freqüência como característica musical
dessas audições radiofônicas em gravações orquestrais. Por outro lado, os
amantes de operetas, que não são poucos, conhecem-na e admiram-na pelo original
cantado. Os Three Suns emprestam à partitura interpretação curiosa, ainda em
tempo 4/4, mas que, apesar disso agrada ao grande público. Como sempre, os
solistas se revezam nos solos e, de momentos a momentos chocam-se, advindo daí
resultados imprevistos, que são do agrado dos admiradores do trio.
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Rádio Tupi, Propaganda de 1948 |
O que se dá com a face principal do disco, acontece
com o lado que o completa. Também a partitura de Bixio e Cherubini é muito
conhecida do grande público, pois foi muito divulgada por inúmeras orquestras e
vocalistas. Entretanto, na interpretação do conjunto em questão, Serenata ao
Luar ganha um novo colorido que, por certo, satisfará aos que a ouvirem.
Em suma, as gravações dos Three Suns, além de
possuírem boa dose de valor artístico, são de valor comercial incontestável,
porquanto agradam ao grande público.
Na foto: A Orquestra de Carioca, um dos mais
homogêneos conjuntos do Brasil, gravou para a Odeon um disco em que interpreta
o samba Na Baixa do Sapateiro, de Ary Barroso, e o choro Recordar é
Viver, de Freire Junior, num arranjo de Cipó. No lado de Recordar é
Viver apenas a orquestra intervém. Na face de Na Baixa do Sapateiro,
porém, atua como solista Dircinha Batista. Boa vocalização e melhor
interpretação. A página do irrequieto Ary Barroso ganha novas nuances na voz de
Dircinha. Belíssima a orquestração de Carioca e superior a execução do seu
festejado conjunto.
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