segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Diário da Noite, 20 de Abril de 1950

FELIZ RETORNO

Dalva de Oliveira, aquela bonita voz feminina do famoso Trio de Ouro, fazia tempo que se ausentara dos suplementos das gravadoras. Mesmo nos suplementos carnavalescos, onde o Trio de Ouro era figura obrigatória, tanto Dalva, como a dupla “Preto e Branco”, que formam o trio, estiveram ausentes não se sabe por quê. Todavia, a esposa de Herivelto Martins, o branco do trio e um dos mais aplaudidos compositores populares nacionais, voltou a comparecer aos suplementos Odeon. E em maio próximo nos dará dois bonitos sambas: Olhos Verdes e Tudo Acabado. Ouvimos as provas dessas gravações e não temos dúvida em afirmar que o retorno de Dalva foi dos mais felizes. Que belas interpretações ela nos proporciona! Sua voz é sempre aquela, de timbre límpido e bonito, observando-se, apenas, que está amadurecida. Ela está muito bem na face de Olhos Verdes, um samba de bom padrão. Entretanto, nos surpreende na interpretação de Tudo Acabado, onde parece estar mais à vontade dando maior vazão à sua potência vocal, aliás característica da sua personalidade artística. Dalva, em ambas as faces do disco, do primeiro ao último sulco, comporta-se como uma verdadeira artista, com A maiúsculo. E está dito tudo. Quanto às composições em si, embora ambas sejam muito interessantes, gostamos mais de Tudo Acabado, cuja letra conta a história de um amor que não chegou a bom termo. O acompanhamento não apresentou novidades. Comportou-se como devia, isto é, discretamente, sem intenção de ofuscar o brilho da solista.

Trata-se, portanto, de mais um disco recomendável.



NOVO CANTOR

Tony Martin, já faz algum tempo, nos apresentou a canção Circus, de deliciosa lembrança. A mesma melodia nos é oferecida agora pelo novo vocalista popular americano, Bill Farrell, que estréia no selo MGM. A versão de Circus, na voz desse novo cartaz, não é má. Todavia, continuamos preferindo a de Tony Martin, seu criador. Isso, entretanto, não quer dizer que Bill Farrell cante mal. Pelo contrário, ele canta muito bem e é dono de uma tonalidade vocal muito interessante, tendo perfeita noção do senso melódico. Sua voz é quase gêmea com a de alguns cantores conterrâneos seus, especialmente com a de Billy Eckstine.

A face oposta do disco não agrada muito. Through a Long and Sleepless Night é uma canção sem qualquer atrativo. Maçante mesmo. O disco, assim, vale apenas pela face de Circus.

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