Dalva de Oliveira, aquela bonita voz feminina do
famoso Trio de Ouro, fazia tempo que se ausentara dos suplementos das
gravadoras. Mesmo nos suplementos carnavalescos, onde o Trio de Ouro era figura
obrigatória, tanto Dalva, como a dupla “Preto e Branco”, que formam o trio,
estiveram ausentes não se sabe por quê. Todavia, a esposa de Herivelto Martins,
o branco do trio e um dos mais aplaudidos compositores populares nacionais,
voltou a comparecer aos suplementos Odeon. E em maio próximo nos dará dois
bonitos sambas: Olhos Verdes e Tudo Acabado. Ouvimos as provas
dessas gravações e não temos dúvida em afirmar que o retorno de Dalva foi dos
mais felizes. Que belas interpretações ela nos proporciona! Sua voz é sempre
aquela, de timbre límpido e bonito, observando-se, apenas, que está
amadurecida. Ela está muito bem na face de Olhos Verdes, um samba de bom
padrão. Entretanto, nos surpreende na interpretação de Tudo Acabado,
onde parece estar mais à vontade dando maior vazão à sua potência vocal, aliás
característica da sua personalidade artística. Dalva, em ambas as faces do
disco, do primeiro ao último sulco, comporta-se como uma verdadeira artista,
com A maiúsculo. E está dito tudo. Quanto às composições em si, embora ambas
sejam muito interessantes, gostamos mais de Tudo Acabado, cuja letra
conta a história de um amor que não chegou a bom termo. O acompanhamento não
apresentou novidades. Comportou-se como devia, isto é, discretamente, sem
intenção de ofuscar o brilho da solista.
Trata-se, portanto, de mais um disco
recomendável.
NOVO CANTOR
Tony Martin, já faz algum tempo, nos apresentou
a canção Circus, de deliciosa lembrança. A mesma melodia nos é oferecida
agora pelo novo vocalista popular americano, Bill Farrell, que estréia no selo
MGM. A versão de Circus, na voz desse novo cartaz, não é má. Todavia,
continuamos preferindo a de Tony Martin, seu criador. Isso, entretanto, não
quer dizer que Bill Farrell cante mal. Pelo contrário, ele canta muito bem e é
dono de uma tonalidade vocal muito interessante, tendo perfeita noção do senso
melódico. Sua voz é quase gêmea com a de alguns cantores conterrâneos seus,
especialmente com a de Billy Eckstine.
A face oposta do disco não agrada muito. Through
a Long and Sleepless Night é uma canção sem qualquer atrativo. Maçante
mesmo. O disco, assim, vale apenas pela face de Circus.
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