DUAS BOAS GRAVAÇÕES
Essa figura inconfundível de artista que é Edú,
amigo inseparável de sua harmônica de boca, é figura de primeira plana dentre
os artistas mundiais que contribuem para a valorização artística do bizarro
instrumento. Graças a ele, Larry Adler, a Borrah Minevitch, e alguns outros, a
gaita deixou de ser, como era comumente considerada, brinquedo de criança, ou
algo de vulgar. Hoje, as gravações de Edú ou dos grandes artistas do
instrumento, precisam ser analisadas com espírito artístico. As gravações de
Edú e de Larry Adler, por exemplo, são de execuções requintadas,
caprichosamente requintadas, e possuem dose imensa de espírito artístico do
mais fino gosto.
O disco objeto das nossas considerações, onde
estão gravadas as páginas Fumaça nos Teus Olhos e Arabescos,
respectivamente de autoria de Jerome Kern e do próprio Eduardo Nadruz (Edú),
são exemplos frisantes. Conquanto a página do compositor norte-americano seja
mais comercial que artística, Edú fez questão de demonstrar, pelo seu arranjo,
que se preocupa não só com o tema principal da melodia, bastante belo, senão
também em demonstrar a sua técnica superior, rica em floreios gratos aos
tímpanos. Em Arabescos, então, o artista se põe à vontade, não só por
constituir uma partitura de sua lavra, mas porque foi elaborada especialmente,
ao que parece, para que ele pusesse à prova o seu exuberante virtuosismo.
Magnífico o arranjo e ótimo o acompanhamento do conjunto de cordas.
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Edú da Gaita (foto do blog http://riskas513.blogspot.com.br) |
Jorge Goulart, como se sabe, é um dos mais
prestigiosos cartazes do broadcasting carioca. É artista da etiqueta
Continental, responsável pela gravação que vamos apreciar. Goulart, não faz
muito, nos presenteou com várias gravações de real valor artístico, como aquele
samba São Paulo, no qual canta a nossa metrópole como se fora um
autêntico filho de Piratininga. Agora, o jovem vocalista nos endereça um disco
no qual estão gravados Conheço Uma Cidade, interessante fox de Irving
César, com palavras de Osvaldo Santiago, e uma marcha que, por pouco, não
inutiliza o disco. O fox é de melodia romântica, bonitinho, dotado de letra
feita com inteligência, que descreve certa cidade que o cantor diz conhecer, falando
das suas ruas, das suas mulheres e não diz, no fim, quando o ouvinte espera que
vai fazê-lo, o seu nome. Entretanto, o ouvinte de São Paulo, do Rio, de
qualquer outra cidade ou Estado, identificará como sendo “a sua” a cidade
descrita. Boa a orquestração e seguro o acompanhamento do conjunto.
Casa Ricordi |
Na foto: Já tivemos ocasião de contar aos
leitores deste cantinho de coluna que Yves Montand conseguiu, de simples e
honrado operário de uma fundição em Marselha, transformar-se no maior cartaz
parisiense do momento. Edith Piaf, famosa cançonetista gaulesa, foi quem, no
início da carreira artística do chansonier ítalo-francês, lhe “deu a
mão”, orientando-o e influindo no seu estilo, que, pouco a pouco, se
transformou, fazendo dele o ídolo das noitadas de Paris. Yves está no Rio,
cantando numa boate e numa transmissora. Dentro em pouco estará encantando o
público paulista com sua bonita voz. Gravações recentes, em edição nacional, da
Odeon: Clopin-Clopant, A Paris, Matilde, Meu Doce Vale
e As Folhas Mortas.
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