segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Diário da Noite, 15 de Abril de 1950

DOIS BOLEROS

Foi com surpresa que vimos novamente no selo Continental a gravação do apreciado bolero Ay de Mi, na voz do nosso mui conhecido Ruy Rey. E nos surpreendemos porque, antes, a Odeon já nos havia proporcionado o mesmo bolero numa excelente gravação de Fernando Albuerne, que se fez acompanhar pelo festejado conjunto de Oswaldo Borba. Logo a seguir, a própria Continental lançou o Ay de Mi na voz do apreciado Chucho Martinez, acontecendo que o lançamento do disco não foi muito apreciado dada as deficiências técnicas, interpretativa e orquestral da gravação. Chucho Martinez não foi muito feliz em Ay de Mi. E o disco foi, como era de esperar-se, um fracasso tremendo. Mofa nas estantes das revendedoras. Mas a Continental insistiu em apresentar um Ay de Mi à altura. E nos apresenta agora o mesmo bolero na voz do nacional Ruy Rey. A nossa surpresa, assim, se deve ao fato de o cantor nacional, cujo estilo e tonalidade vocal não é do nosso agrado, se sair airosamente, emprestando ao bolero uma bonita interpretação, magnificamente secundado pelo conjunto orquestral. Além disso, há a perfeição da parte técnica que desta feita brilhou, nos dando uma das mais perfeitas gravações do ano.

Já o reverso do disco há um senão a observar: os saxofones da orquestra estão frisantemente inseguros, quer no sopro, quer na leitura da partitura. Besame perde muito da sua vivacidade com a falha dos saxes. Ruy Rey, entretanto, cumpre a sua missão com desenvoltura e propriedade.

Ruy Rey
Pelo exposto, o disco se recomenda pela face de Ay de Mi, que é perfeita, notando-se que, como a de Fernando Albuerne, para a Odeon, foi feita nos estúdios nacionais.

NOTÍCIAS

Ethel Smith, a aplaudida solista de órgão, que ultimamente se tem dedicado às gravações de músicas populares brasileiras, comparecerá no suplemento Odeon do mês vindouro com Lero-Lero, Bem-te-vi Atrevido e Apanhei-te Cavaquinho, de Ernesto Nazareth. O Bando Carioca encarregou-se do acompanhamento rítmico. – Gilberto Alves gravou um disco bem fraquinho para a Victor: Festa de São Jorge e Reportagem de Amor. A Victor anda descuidando da sua produção popular. – Recife e Olinda são duas bonitas canções de Capiba, aplaudido compositor nordestino, que foram levadas ao disco por Paulo Molin, um pequeno cantor pernambucano, sob a responsabilidade do selo Continental. – La Cumparsita e Caminito serão os próximos lançamentos da Columbia com a famosa orquestra de concertos de André Kostelanetz.

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