CAMPEÃO DE VENDAS
Luiz Gonzaga, como se sabe, é um legítimo
campeão do disco. Suas gravações atingem vendas espetaculares, conseguindo
“records” que dificilmente serão superados. Suas composições são do agrado
geral, daí o sucesso dos seus discos. Dizem – e não conseguimos dados positivos
a respeito – que Luiz Gonzaga recebe trimestralmente, como é de praxe, de
direitos autorais, perto de trezentos mil cruzeiros ou quase cem mil cruzeiros
mensais! Talvez vá nesse cálculo algum exagero. Todavia, que a sua renda,
aliás, merecida, em conseqüência das suas músicas e gravações, deve ser grande,
não resta a menor dúvida.
Nasceu Luiz Gonzaga no sertão pernambucano, numa
sexta-feira, dia 13, do ano de 1912. O azar do dia do seu nascimento, porém,
não pegou nele. Ao contrário, como vimos, é um sujeito de sorte. Em 1939, há
onze anos, portanto, desembarcou, meio desajeitado, no Rio de Janeiro,
procedente do seu Pernambuco, sobraçando a pesada sanfona. E foi logo
conquistando de assalto a admiração do público carioca com os seus baiões, cujo
ritmo, como se sabe, é extraído do exuberante folclore nordestino. Conquistado
pelo rádio, o seu prestígio artístico se espalhou por todo o país, já tendo
transposto as fronteiras e chegando a Hollywood, onde lhe estão mutilando as
composições.
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Luiz Gonzaga |
Depois de divulgar o baião, que é a “coqueluche”
do momento, e a toada, cujo marco inicial foi aquela deliciosa Asa Branca,
Luiz Gonzaga procura agora popularizar o xote e o côco, um novo ritmo que ele,
com o seu faro de constante pesquisador, conseguiu descobrir. Entretanto, não é
desse novo ritmo que desejamos falar. Oportunamente o faremos. O xote e a
toada, melodias, que fazem parte do disco que temos em mão, intituladas,
respectivamente, Cintura Fina e Assun Preto é o que desejamos focalizar
hoje. O próprio Luiz Gonzaga é o autor de ambas as partituras e ele mesmo canta
e se acompanha à sanfona, secundado por um pequeno conjunto regional. Cintura
Fina, além de possuir música e ritmos provocantes, é dotada de uma letra
curiosa, impregnada de malícia, mas de malícia simples, sadia, sem maldade e
sem ofender, dosada com inteligência.
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Gonzaga |
A toada Assun Preto é algo tristonho.
Conta a história de um velho pássaro, que mãos maldosas cegaram, o que deu
motivo a que o seu trinar e seus gorjeios se tornassem ainda mais belos. Dignas
de observação a letra e a música dessa toada, pois possui dose imensa de
inspiração e encerra muita poesia. E Luiz a canta com alma e coração,
resultando uma belíssima gravação, no gênero.
As gravações propriamente ditas, feitas pela
Victor, tecnicamente também estão perfeitas. Aliás, Luiz Gonzaga é exigente
neste particular. Quando vai gravar e se põe diante ao microfone, ele próprio
faz questão de colocar os acompanhantes em lugares previamente por ele
estudados, para depois perpetuar na massa aquilo que a sua inspiração lhe
ditou.
O disco em questão, pelo exposto, será
fatalmente um grande sucesso comercial.
Na foto: Peter Kreuder é um pianista bastante
discutido. Apesar disso, possui verdadeira legião de fãs. Os que não apreciam o
estilo do popular pianista germânico são, precisamente, os entendidos........ .........
de Kreuder, dos clássicos, são de uma irreverência de espantar. O grande
público, porém, se delicia com os malabarismos e as filigranas de Peter
Kreuder. Grava para a Victor e a lista dos seus discos para a etiqueta do
cachorrinho é extensa.
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