EXPORTAÇÃO DE DISCOS
Ao que se anuncia, a Continental, após uma série
de entendimentos com diversas gravadoras estrangeiras, das Américas e da
Europa, vai exportar para o exterior matrizes de gravações nacionais e, como
permuta, receberá matrizes das empresas com as quais entabulou contrato.
É das mais louváveis a iniciativa da
Continental, embora a exportação da nossa música popular, se bem que, em
pequena escala, não seja nenhuma novidade, pois a Odeon que, no Brasil,
representa diversas etiquetas estrangeiras, já o fazia há algum tempo.
Não temos notícia do critério que adotará a
referida empresa para a exportação das matrizes. É de esperar-se que a questão
tenha sido estudada e planejada com o cuidado que merece. Não nos parece
aconselhável a exportação de tudo o que aqui se produz. Sinceramente, há
composições nossas que nunca deveriam ser levadas à cera, quanto mais ser
exportadas para o exterior. Sabemos, por exemplo, que o critério adotado pela
Odeon é dos mais rígidos. Apenas as boas composições, gravadas por artistas e
conjuntos orquestrais de real valor, é que conseguem transpor as nossas
fronteiras sob a responsabilidade do famoso selo. A Continental, com toda a
certeza, não será tão rigorosa, pois ao que se anuncia, até a matriz de General
da Banda[1]
será exportada!
No Brasil, felizmente, ainda se faz boas coisas
em matéria de música popular. Um povo que, por religioso, ainda assiste e
participa de procissões; um país de rico folclore como o nosso; um povo que
ainda não foi embrutecido, está claro que é rico em espiritualidade, capaz,
portanto, de grandes coisas em matéria de música, popular ou clássica. Ora, não
será exportando coisas más que iremos demonstrar ao alienígena a nossa riqueza
espiritual, a nossa sensibilidade, a nossa arte, enfim.
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Norma Ardanuy |
Louvamos, repetimos, a iniciativa da
Continental. O Brasil, de fato, pelo menos através da sua música popular,
precisa ser conhecido no exterior. Mas se não houver certo critério, aliás
usado por outras gravadoras, exportando, inclusive, as nossas más produções
populares, iremos dar ao estrangeiro falso retrato do Brasil, quando não
ridículo.
Que pensem nisso os dirigentes da Continental.
Na foto: Norma Ardanuy é uma jovem de sorte. Com
menos de um ano de broadcasting já conseguiu um contrato para gravar.
Das várias empresas que assediaram a talentosa artista, a Odeon venceu a parada
e os promete, para muito breve, os discos de Norma. Uma das primeiras gravações
dessa nova estrela do disco, é o samba Mania de Grandeza.
[1] Samba de 1949, composto por Tancredo
Silva, Sátiro de Melo e José Alcides e que foi sucesso na voz de Blackout.
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