sábado, 30 de novembro de 2013

Diário da Noite, 25 de Julho de 1950

TÓPICOS E NOTÍCIAS

Bing Crosby, durante muito tempo considerado o cantor nº1 dos Estados Unidos, segundo os últimos dados fornecidos pelo registro geral da venda de gravações, está colocado em décimo lugar. Demonstra ainda o registro geral de vendas que a preferência do povo norte-americano se voltou para Tony Martin, que figura na cabeça da lista, alcançando os seus discos vendas espetaculares. Doris Day e Dinah Shore, na aludida lista, estão colocadas, respectivamente, em vigésimo-segundo e vigésimo-terceiro lugares. – Dentre os lançamentos Odeon, para setembro, e que terão sua edição antecipada, talvez para esta semana, figura um disco de Anton Karas, solista de cítara, no qual, em uma das faces, se encontra gravada a melodia O Terceiro Homem, extraída do filme do mesmo nome. A propósito desse disco há muito que dizer. Por exemplo: conquistou ruidoso sucesso na Espanha, quando da exibição da película ali, tendo batido todos os “records” de vendas. Na Inglaterra, o sucesso foi espetacular, bastando dizer que nada menos de um milhão de exemplares foram vendidos, o que quer dizer 10% da produção anual da Grã-Bretanha! Quatro versões existem, de O Terceiro Homem. Entretanto, a gravação que a Odeon vai lançar antecipadamente é a original, isto é, do próprio filme, em solo pelo autor da melodia, que interveio na película tocando, mas sem aparecer. – Nos Estados Unidos, foi remetido aos fabricantes de discos um novo índice, em ordem alfabética, classificando como de composições “alegre”, “feliz”, “meditativa”, “calmante”, “excitante”, diante do efeito emocional produzido por elas nos ouvintes, o resultado de experiências e observações clínicas realizadas pela organização particular americana The Music Research Foundation. – A respeito da música terapêutica, segundo dois psiquiatras do Washington Park Hospital, de Surrey, Inglaterra, os diferentes tipos de música afetam os doentes mentais de modo distinto. De acordo com essas autoridades médicas, executados para grupos determinados de doentes, os clássicos trouxeram um sentimento de segurança e de coesão de grupo, enquanto a música romântica tinha a tendência de reviver em cada um os seus problemas. O melhor efeito, porém – segundo as informações – sobre os doentes, tato para acalmar as suas emoções perturbadas como para harmonizar o grupo, vieram das árias familiares e das canções regionais, provavelmente em conseqüência das lembranças que traziam dos tempos felizes da infância.

Propaganda de julho de 1947

– Como conseqüência da desvalorização da libra, os discos importados da Inglaterra sofreram redução em seus preços, do importador para a casa revendedora. Entretanto, inexplicavelmente, estas continuam cobrando do público o preço antigo, o que, evidentemente, não está certo. – Totó e sua orquestra, tendo na parte vocal Bob Stewart, vão gravar, dentro de poucos dias, para a Continental, Again e Falling Leaves. – Também Monte Alegre, Sólon Salles, Vagalumes do Luar e Manézinho Araújo estão programados para gravar na etiqueta dos três sininhos. – A gravação que Georges Henry e sua orquestra, com William Fourneau, iriam levar a efeito a semana passada, foi transferida para ser realizada na próxima quinta-feira, às 22:30 horas. Hollyday for Strings, de David Rose, e Dança do Sabre, de Khachaturian, são as páginas que serão levadas ao disco pelo dinâmico regente gaulês. – Outro lançamento antecipado da Odeon, de gravações programadas para setembro, é o Baião, de Luiz Gonzaga, e Moto Perpétuo, um vibrante chorinho, em solo de piano pelo magnífico Muraro. Ouvimos a prova desse disco e pudemos constatar do seu superior padrão, técnico e artístico. – Ao que se anuncia, Jimmy Lester e Carmélia Alves vão gravar vários discos da série “boate”, isto é, com duas músicas em cada face.

E, por enquanto é só.

Casa Beethoven
Na foto: Como não podia deixar de acontecer, Gregorio Barrios gravou, também, o bolero de Carlos Crespo, Hipócrita, que tanto sucesso vem obtendo. Completa o disco a canção francesa Clopin-Clopant. Também esse disco, que faz parte do suplemento Odeon, de setembro, vai ter o seu lançamento antecipado para esta semana. Gregorio Barrios, considerado o melhor bolerista do momento, está perfeito em ambas as faces, conforme pudemos verificar pela prova. Boas as orquestrações de Oswaldo Borba, que dirigiu o conjunto que executou o acompanhamento.

Gregorio Barrios e Francisco Lomuto - Diário de S. Paulo, 15/6/50

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