GIGLI, BARÍTONO!
Poderia parecer engano dizer-se que Beniamino
Gigli gravou o Prólogo de Os Palhaços, de Leoncavallo. Mas não há
engano algum. Por inacreditável que pareça, Gigli gravou mesmo a referida
partitura, que como se sabe, é destinada às vozes de barítono. Se o
procedimento do famoso cantor, levando à cera, em sua voz, uma ária que não se
casa bem com ela, afeta ou não a sua reputação artística, ou se a engrandeceu,
não nos é lícito indagar. O que nos cabe é apreciar o disco em si. O que é
certo, porém, é que ninguém dará a essa gravação o lugar da de um barítono, tal
é a propriedade com que é tratada por Beniamino Gigli, atestando ainda uma vez,
a capacidade do insigne cantor e proporcionando ao colecionador um magnífico
número de curiosidade artística. Aliás, recorda-se que Caruso tinha essa mania
de gravar partituras de barítonos, forçando a sua bela voz de tenor. Ele
gravava e, depois, mandava destruir as matrizes. Algumas dessas gravações,
porém, verdadeiras raridades, ainda existem e, segundo se anuncia, vão ser
regravadas.
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Beniamino Gigli |
O selo do disco, que é Victor, bastante
lacônico, não menciona qual a orquestra que executa o acompanhamento. Ao que conseguimos
saber, porém, se trata da Orquestra do Estado da Prússia, o que vem evidenciar
que a gravação foi feita ainda quando o fascismo predominava na Europa.
Como vimos, não se trata de uma gravação
recomendável. Talvez valha como simples curiosidade.
NOTÍCIAS
Acaba de ser editado, em Nova York, um livro de
real interesse para os colecionadores: Collector’s Guide to American
Recordings from 1895 to 1925. Estão incluídos, nesta preciosa obra, desde
os primeiros “cilindros” de Edison até os sensacionais Long Playing. –
Dalva de Oliveira, que há tanto tempo não gravava, estará presente, soberba
como sempre, no suplemento Odeon para maio, cantando Olhos Verdes e Tudo
Acabado, dois interessantes sambas. – A Columbia gravou, recentemente, o Concerto
nº2, para piano e orquestra, de Franz Liszt, na interpretação do pianista
Witold Malcuzynski, acompanhado pela Orquestra Filarmônica de Londres, dirigida
por Walter Susskind, gravação essa que estará presente ao suplemento de maio. –
Waldir Azevedo, o criador de Brasileirinho, nos promete outro grande
solo de cavaquinho, em Cinco Malucas, gravado pela Continental. – A
Capitol, brevemente, inaugurará sua fábrica, que está sendo montada no Rio de
Janeiro.
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