DOIS BOLEROS
Recebemos, em dias da semana passada, algumas
gravações de responsabilidade da etiqueta Seeco, entre as quais vários discos
de Eva Garza, a aplaudida vocalista mexicana, muito admirada do público de São
Paulo. O melhor dos discos de Eva, dentre os recebidos, sem dúvida alguma é o
que encerra os boleros Besame Así e Injusticia. O primeiro dos
boleros em questão é de autoria do compositor Lázaro Quintero. Eva Garza o
vocaliza de acordo com o seu estilo, com a voz cheia de calor e muita alma na
interpretação. A melodia, impregnada de romantismo, ganha muito em beleza com a
orquestração de Roberto Ondina, responsável pela regência do Conjunto Suaritos,
que executa o acompanhamento. Merece atenção especial o contra-canto executado
pela seção de violinos da orquestra, que é de bonito efeito.
A letra da partitura, simples, despretensiosa,
quase nada diz. No entanto, revela o estado de alma da personagem do tema “que
tem medo de despertar do seu sonho e verificar que já não possui o seu amor”.
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Eva Garza |
No lado oposto do disco, vamos encontrar o
bolero de Pablo Beltran Ruiz, intitulado Injusticia. Trata-se de uma
inspirada página musical, cuja letra conta a história de uma jovem que espera o
amor ausente, que não volta, e por isso, acredita haver perdido tudo na vida...
Tema romântico, do agrado, portanto, da generalidade dos apreciadores do
bolero. Há, entretanto, um gravíssimo defeito de gravação nesta face do disco
em questão.
Uma autêntica “injusticia”. Não foi culpa dos
artistas, que se portaram à altura do seu renome. Mas, simplesmente, do técnico
da Seeco, que “dormiu” no controle ou inadvertidamente tocou no botão de
controle de som do microfone da vocalista. Assim, quase no final da gravação,
tendo corrido tudo às mil maravilhas, estando Eva Garza cantando, de repente a
sua voz quase some, perdendo a nitidez, parecendo ter a artista se afastado
demais do microfone. Logo depois, tudo volta ao normal... O técnico deve ter
passado por um grande susto!
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Oscar Levant |
O que nos causa estranheza, porém, é o fato da
direção artística da Seeco, sempre escrupulosa, haver permitido a saída de uma
gravação imperfeita, capaz de comprometer o prestígio da etiqueta. Afora esse
senão, o resto está bem, sendo um disco recomendável, especialmente pela face
de Besame Así.
Na foto: Oscar Levant, sem dúvida nenhuma, é um
artista do teclado de reais e positivos méritos. Fez mal em se improvisar
artista cinematográfico. Hollywood o estragará, com certeza, como tem feito com
tantos e tantos talentos. A gravação de Oscar Levant mais procurada é
precisamente a de Rhapsody in Blue, cujo autor, o admirável George
Gershwin, era seu amigo íntimo.
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