SURPRESA AGRADÁVEL
Fernando Fernandez, depois daquele seu sucesso
com o bolero Hipócrita, que é de sua criação, dispensa qualquer
apresentação. O famoso bolero de Carlos Crespo, sem dúvida alguma, abriu-lhe um
lugar em todas as discotecas, posto que foi uma das gravações mais vendidas
ultimamente. Todavia, como tivemos ocasião de dizer, quando do lançamento do
disco, o tratamento que Fernando Fernandez deu à Hipócrita não foi dos
melhores, primando pela discreção. Dada a sua voz interessante, todavia, o
disco mereceu os mais francos aplausos do público, apesar de outras gravações
melhores de Hipócrita existirem.
Pois Fernando Fernandez vem de reaparecer,
agora, no suplemento Victor, cantando dois melodiosos boleros: Diez Minutos
Más e Que Más Puedo Desear. São duas gravações executadas antes de
Hipócrita, convém frisar. E Fernando está superior em ambas as faces. Mais
desembaraçado, cantando com calor e profunda expressão, dando à voz uma liberdade
que não se atrevera a proporcionar em seu disco posterior.
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Fernando Fernandez |
Não sabemos se pelo fato de o bolero Diez
minutos Más ser por demais batido, especialmente pela gravação de Gregorio
Barrios, a realidade é que é precisamente o lado B do disco, isto é, a considerada
de nível mais baixo pela gravadora. Isto não quer dizer, entretanto, que o
jovem vocalista esteja mal na face A. Aqui, como no lado oposto, como dissemos,
ele se porta com frisante desenvoltura, o que muito nos agradou.
O acompanhamento está a cargo de um grande
conjunto orquestral. Não se pode negar seja um acompanhamento magnífico.
Não ofuscou nem encobriu a voz do cantor em
nenhum instante, do primeiro ao último sulco de ambas as gravações. Pelo
contrário, de tal maneira discreta se portou a orquestra que o vocalista
constitui o “dono” completo do disco. Todavia, é de observar-se o solo
orquestral entre os versos, especialmente na face Que Más Puedo Desear.
Digno de aplausos.
Trata-se, portanto, de um bom disco do
repertório popular internacional da Victor.
Na foto: Uma soberba conquista da Elite: Maria
da Luz, “o coração de Portugal”. Com efeito, Maria da Luz é uma intérprete de
reais predicados não apenas vocalizando melodias de sua terra como das do campo
internacional. Tivemos ocasião de ouvir várias provas de gravações suas para a
novel gravadora, como Falsas Paixões, Saudades de Portugal, Fado
Hilário e Cabana, este último um samba bem brasileiro, em que foi
acompanhada por grande orquestra, e constatamos a justiça do seu renome de
artista internacional. Gostamos muito da sua interpretação no fado Saudades
de Portugal e no samba Cabana, especialmente neste, em que demonstra
perfeita noção de ritmo.
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