COMPOSITORES NACIONAIS
Em crônicas anteriores tivemos ocasião de
ressaltar o progresso que, no Brasil, está atingindo a indústria do disco.
Digno de nota o fato de a grande maioria das firmas que exploram a indústria do
disco procurar valorizar a música popular brasileira, através de rigorosa
seleção, orquestrando-a e a apresentando condignamente vestida para poder
penetrar nos mais luxuosos salões do mundo.
Isto no setor popular. Todavia, há um certo
desprezo, até certo ponto natural, das firmas gravadoras pelos nossos autores
clássicos. Dissemos “até certo ponto natural” porque, evidentemente, as nossas
composições clássicas, por desconhecidas, não serão sucessos comerciais, isto
é, não vão dar lucros às firmas gravadoras. E isto, certamente, não lhes é
interessante. Alguma coisa, pensamos, deveria ser feita nesse sentido. Afinal,
a música clássica tem grande público também. Haja vista Tchaikowsky,
admiradíssimo entre nós. Seus discos, isto é, suas composições gravadas por um
sem número de artistas e virtuoses, são consumidas com avidez pelo público
brasileiro. Ora, no Brasil há compositores dignos de nosso melhor apreço.
Francisco Braga, por exemplo, viu ser levado ao disco – e por sinal numa
péssima gravação – o seu Hino à Bandeira, apenas, embora desse mesmo compositor
haja partituras notáveis. De Carlos Gomes há apenas amostras... Do maestro
Leopoldo Dominguez, apenas há gravado, nas mesmas condições, o Hino da
Proclamação. De Francisco Manuel, simplesmente o Hino Nacional,
apesar de possuir páginas admiráveis. Do maestro Padre José Maurício não há
nada gravado, o mesmo acontecendo com as partituras de João Gomes de Araújo e
de outros autores clássicos nacionais.
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Marcelo Tupinambá |
Por que, pois, esse desinteresse? Por causa do
sem dúvida ponderável aspecto comercial? Mas acaso os clássicos estrangeiros e
os virtuoses de outras plagas não são apreciados no Brasil e no mundo? Por que
só os nossos serão esquecidos?
Que pensem nisso as gravadoras.
Casa Beethoven |
Na foto: Eis os “Vocalistas Tropicais”, o
homogêneo quinteto vocal carioca. A mais recente gravação do conjunto foi Diamante
Negro, um samba de Marino Pinto, cujo disco é completado por Trinta
Dinheiros, outro samba, de autoria de Waldemar da Ressurreição. Duas
composições fraquíssimas e fora de propósito, resultando no disco mais fraco de
todo o suplemento Odeon para julho. Mais cuidado na escolha das músicas,
meninos!
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