quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Diário da Noite, 25 de Maio de 1950

MÚSICA SERTANEJA

Embora a Continental não tenha incluído este disco em seu suplemento, no repertório sertanejo, As Coisas Erradas do Mundo e Recordando os Pagos, uma rancheira e um baião, gravados por Dilú Melo, não passam de melodias sertanejas. O seu interesse, portanto, é restrito. Obterá larga venda, sem dúvida, nas cidades do interior. Nos grandes centros, porém, a sua aceitação será limitada, em virtude do gênero.

Todos ainda estamos lembrados do último sucesso de Dilú Melo, Fiz a Cama na Varanda, uma toada muito interessante, simples e delicada como as coisas do sertão, que mereceu interpretação cuidadosa da curiosa vocalista. Dilú, nesse disco, bisa a sua performance em Fiz a Cama na Varanda, isto é, empresta às melodias o indispensável ambiente tipicamente caboclo, com sua voz chorosa e propositadamente distante. O regional de Rago auxilia bastante a vocalista, acompanhando-a de maneira completa e convincente, especialmente na rancheirinha Recordando os Pagos onde a assiste com eficiência, movimentando a gravação.

Dilú Mello
Recordando os Pagos e As Coisas Erradas do Mundo, portanto, são duas composições que enriquecem o repertório sertanejo da etiqueta dos três sininhos. Os que apreciam o gênero encontrarão nesse disco o que desejam. Se quiserem mais, poderão encontrar no suplemento da aludida gravadora: Gaúcho Veterano, cateretê, e Saudade de Alguém, rasqueado mato-grossense, com Zé Pagão e Nhô Rosa, com Rielinho e Santana; ou Luar Catarinense e Levanta o Pé, Velhada, com Pedro Raymundo à sanfona. Além disso, há ainda: Meu Ranchinho, toada, e 23 de Fevereiro, com Mariano e Cobrinha, com Mário Zan e seu conjunto; ou Tá Fartando Coisa em Mim, um baião com Ivon Cury; ou, ainda, Pirajuba, rancheira, e Festa na Vendinha, cateretê, com Rielinho em solos de harmônica.

As composições sertanejas em apreço obedecem ao padrão usual dos compositores nesse estilo. Entretanto são discos que encontrarão público, dada as suas limitações, apenas no interior. Nas capitais, como dissemos, apenas os apreciadores do gênero – que não são muitos – é que por eles se interessarão. A eles, portanto, é que se recomendam essas gravações.

Casas Santiago e Sertaneja
Na foto: Orlando Silveira é um dos bons sanfonistas de São Paulo. Tem intervindo em inúmeras gravações da Continental, quer em solos ou acompanhando. Atua numa emissora desta Capital.

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