DIGNO DE NOTA
Caprichou a Odeon, desta feita, mais que das
outras vezes, na organização do seu suplemento de novidades para o próximo mês
de julho. Se a parte internacional do suplemento, na qual vamos encontrar
artistas de renome internacional como Carmen Cavallaro, Emille Prund’Homme,
Rafael Mendes, Dick Haymes, Adelina Garcia, Osvaldo Norton, o tenor Nicolás
Urcelay, Alfonso Ortiz Tirado, Yves Montand, Luciano Tajoli, Victor Young e
outros, é digna de nota, a parte nacional, apesar de sermos contrários aos
superlativos, está simplesmente espetacular. Aqui vamos encontrar cartazes como
Francisco Alves, Norma Ardanuy, a querida estrela das Emissoras Associadas
de São Paulo; Risadinha, outro artista de São Paulo; Dalva de Oliveira, com a
sua voz impressionante; Alcides Gerardi, o Coro dos Apiacás, os Vocalistas
Tropicais e as orquestras de Carioca e de Oswaldo Borba.
Papagaio! Não será muito para um só suplemento?
Ouvimos as provas de todas as gravações que
fazem parte da relação em apreço. Confessamos que, de todas, da parte nacional,
nos impressionaram mais as constantes do disco de Alcides Gerardi.
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Alcides Gerardi |
Não faz muito, ao analisarmos uma gravação de
Alcides Gerardi, sob a responsabilidade do selo Odeon, tivemos ocasião de criticar
seriamente a direção da gravadora por haver permitido que o rapaz, dono de uma
bonita voz, gravasse um samba de nível inferior, quer na parte musical quer na
literária, especialmente nesta, cuja letra primava pelas expressões rasteiras,
próprias de malandros e desclassificados. Agora, entretanto, Alcides Gerardi
retorna com dois bonitos números: Maria, o expressivo e antigo samba de
Ary Barroso, há tempos gravado por Francisco Alves e por Sílvio Caldas; e Negro,
um jongo de Fernando Martins. E voltou infinitamente superior. Vocaliza de
forma notável as melodias, especialmente Maria, à qual empresta
convincente e sentida interpretação. Impressionante o acompanhamento orquestral
de Carioca e seu conjunto e esplêndido o contra-canto do Coro dos Apiacás. A
gravação, percebe-se, está isenta de qualquer falha. Técnica e artisticamente
perfeita. Os operadores da Odeon, desta feita, brilharam. Tão bem captado pela
cera foi o samba Maria, em particular, que se tem a impressão de que a
gravação foi executada dentro de um grande templo de acústica perfeita.
Observe-se a vocalização do coro e constatar-se á o que estamos apontando. Negro,
o jongo que completa o disco, embora de nível inferior a Maria, não
deixa de ser uma bela composição, também, como dissemos, otimamente gravada.
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Lena Horne |
Impossível resistir ao impulso de enviar os
nossos sinceros parabéns à Odeon, quer pelo seu soberbo suplemento, como pela
magnífica gravação que vimos de apreciar.
Na foto: Por mais modesta que seja uma
discoteca, dificilmente deixará de ter um cantinho reservado às gravações dessa
figurinha simpática e de voz dulcíssima que é Lena Horne. Mulatinha, de traços
essencialmente brancos, como nos tem demonstrado no cinema, Lena Horne, em
nossa opinião, pode ser colocada na primeira plana da lista dos melhores
vocalistas populares dos Estados Unidos. Ultimamente seus discos têm
desaparecido dos suplementos nacionais das gravadoras. Todavia, seus fãs não a
esquecem e procuram constantemente nas revendedoras sucessos seus, antigos ou
recentes, através de “ceras” importadas.
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