SOLO DE PIANO
A Continental lançará em seu próximo suplemento
um disco em que é apresentado um solista de piano digno de atenção do
discófilo. Ele se nos apresenta acompanhado por conjunto de ritmo, executando
dois solos: Madrigal, valsa de autoria de Aurélio Cavalcanti, e Tocantins,
um choro que leva a assinatura de José Rebelo da Silva.
Não interessa a fonte onde conseguimos a
informação; mas vamos cometer uma indiscreção, ao revelar o verdadeiro nome
desse notável pianista que a etiqueta Continental apresenta laconicamente com o
pseudônimo de “Vero”. Pois esse solista, modestamente escondido sob aquele
pseudônimo é, na verdade, o aplaudido maestro Radamés Gnatalli, que tão lindas
orquestrações tem proporcionado a um sem número de melodias brasileiras.
Ora, tratando-se de dois solos executados por
uma figura como a de Radamés Gnatalli, que além de regente dos mais capazes e
orquestrador abalizadíssimo, é pianista de raros predicados, está claro que o
disco, artisticamente, teria que sair perfeito. A interpretação que “Vero” empresta à valsa de
Aurélio Cavalcanti é, assim, sentida, vivaz às vezes, mas sempre agradável,
notando-se um “que” de modernismo, com matizes de estilo todo especial.
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Radamés Gnatalli |
No
chorinho Tocantins, Gnatalli demonstra cabalmente a sua agilidade e a sua
técnica superior, interpretando com maestria a composição de José Rebelo da
Silva. Ademais, tanto a valsa quanto o choro são partituras muito bonitinhas;
tratadas pela sensibilidade de Radamés, ganharam muito em melodiosidade.
Por seu turno, o conjunto de ritmo brilhou.
Secundou discretamente o solista na face da valsa, sobressaindo-se no chorinho,
onde, então, esteve à vontade.
Não sabemos se “Vero” executou essa gravação por
simples experiência ou se continuará gravando. É de esperar-se, todavia, que
outras gravações suas sejam executadas. Infelizmente, o repertório pianístico
popular continua muito fraco. Afora as gravações de Carolina Cardoso de
Menezes, que são reduzidíssimas, e as de Mário de Azevedo não temos outras,
dignas de nota. Assim, “Vero”, com seus discos, virá engrandecer e honrar o
reduzido repertório pianístico popular brasileiro.
Trata-se de um disco, portanto, que se recomenda
por si próprio.
Diário da Noite, 19/6/50 - Clique para ver em alta resolução |
Na foto: Império Argentina, em espaço diminuto
de tempo, conquistou o público brasileiro. Intérprete das mais aplaudidas das
melodias de Espanha, seus discos, por isso mesmo, são disputados pelos seus fãs
incondicionais. Ao que soubemos, a notável vocalista de Los Piconeros,
atualmente na Argentina, pretende realizar uma turnê no Brasil, estreando em
São Paulo. Assim, seus admiradores, entre os quais nos incluímos, e que a
conhecem apenas através do disco e dos seus poucos filmes, terão ocasião de
admirá-la pessoalmente. Seu último sucesso, no disco, para a etiqueta Odeon, da
qual é artista exclusiva, foi Olé Catapum.
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