quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Diário da Noite, 07 de Junho de 1950

SOPRANO DE RAÇA

Pouca gente no Brasil sabe que Beniamino Gigli possui uma filha que, como ele, abraçou a arte lírica. Tal qual o seu progenitor, é dona de uma voz privilegiada. Apesar disso, entretanto, Rina Gigli tem gravado pouco.

O disco objeto das nossas considerações de hoje, da “His Master’s Voice”, nºDB-6.459, grava, na voz incomum da filha de Beniamino Gigli, a ária do 5º ato de I Vespri Siciliani, de Verdi, Mercé Dilette Amiche e a ária Non Mi Resta, do 3º ato da ópera de Mascagni L’Amico Fritz.

Italiana de nascimento, porém educada nos Estados Unidos, Rina Gigli fez sua estréia no Teatro Reggio, de Parma, a 24 de maio de 1943, em A Traviata, interpretando o papel de “Violeta”, tendo o seu pai cantado a partitura de “Alfredo”. Supérfluo será dizer que o sucesso foi absoluto.

Beniamino e Rina Gigli
Muito raras, como dissemos, são as gravações de Rina Gigli e, nesse disco que estamos analisando, para maior significação, ela canta dois números de obras raramente levadas à cera, circunstâncias que, reunidas ao valor da sua interpretação, que é segura, e à beleza de sua voz em todos os sentidos, não podem passar desapercebidas aos apreciadores da música lírica.

O acompanhamento orquestral está a cargo da Orquestra da Royal Opera House Convent Garden, de Londres, sob a direção do maestro Hugo Rignold, cuja sonoridade foi captada magnificamente pelo técnico da “His Master’s Voice”.

Apesar de Rina se portar de forma admirável em ambas as árias, admiramo-la mais na partitura de Mascagni, onde está simplesmente espetacular.

Bidu Sayão
Eis um disco que os amantes da música lírica não devem perder. Perfeito em tudo: tecnicamente, obedecendo ao alto padrão da “His Master’s Voice”; na vocalização e interpretação do soprano nas árias de Verdi e Mascagni e, finalmente, pelo magnífico acompanhamento orquestral.

Na foto: O notável soprano brasileiro Bidu Sayão, apesar de outros valores nacionais da arte lírica, também haver impressionado platéias de outras plagas, foi o único que conseguiu fama internacional. Já cantou L’Amico Fritz, de Mascagni, cuja ária Non Mi Resta, do 3º ato, cantada por Rina Gigli, filha de Beniamino Gigli, deu ensejo às notas de hoje.

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