SOPRANO DE RAÇA
Pouca gente no Brasil sabe que Beniamino Gigli
possui uma filha que, como ele, abraçou a arte lírica. Tal qual o seu
progenitor, é dona de uma voz privilegiada. Apesar disso, entretanto, Rina
Gigli tem gravado pouco.
O disco objeto das nossas considerações de hoje, da
“His Master’s Voice”, nºDB-6.459, grava, na voz incomum da filha de Beniamino
Gigli, a ária do 5º ato de I Vespri Siciliani, de Verdi, Mercé
Dilette Amiche e a ária Non Mi Resta, do 3º ato da ópera de Mascagni
L’Amico Fritz.
Italiana de nascimento, porém educada nos
Estados Unidos, Rina Gigli fez sua estréia no Teatro Reggio, de Parma, a 24 de
maio de 1943, em A Traviata, interpretando o papel de “Violeta”, tendo o
seu pai cantado a partitura de “Alfredo”. Supérfluo será dizer que o sucesso
foi absoluto.
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Beniamino e Rina Gigli |
Muito raras, como dissemos, são as gravações de
Rina Gigli e, nesse disco que estamos analisando, para maior significação, ela
canta dois números de obras raramente levadas à cera, circunstâncias que,
reunidas ao valor da sua interpretação, que é segura, e à beleza de sua voz em
todos os sentidos, não podem passar desapercebidas aos apreciadores da música
lírica.
O acompanhamento orquestral está a cargo da
Orquestra da Royal Opera House Convent Garden, de Londres, sob a direção do
maestro Hugo Rignold, cuja sonoridade foi captada magnificamente pelo técnico
da “His Master’s Voice”.
Apesar de Rina se portar de forma admirável em
ambas as árias, admiramo-la mais na partitura de Mascagni, onde está
simplesmente espetacular.
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Bidu Sayão |
Eis um disco que os amantes da música lírica não
devem perder. Perfeito em tudo: tecnicamente, obedecendo ao alto padrão da “His
Master’s Voice”; na vocalização e interpretação do soprano nas árias de Verdi e
Mascagni e, finalmente, pelo magnífico acompanhamento orquestral.
Na foto: O notável soprano brasileiro Bidu
Sayão, apesar de outros valores nacionais da arte lírica, também haver
impressionado platéias de outras plagas, foi o único que conseguiu fama
internacional. Já cantou L’Amico Fritz, de Mascagni, cuja ária Non Mi
Resta, do 3º ato, cantada por Rina Gigli, filha de Beniamino Gigli, deu
ensejo às notas de hoje.
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