O mambo, atualmente o ritmo em grande voga entre
nós, originário da América Central, apreciadíssimo no México e Cuba, não tem o
compasso do samba, nem da rumba, e tão pouco do bolero ou baião. Entretanto, o
seu ritmo se assemelha muito com o daqueles. Talvez venha a ser uma mistura
composta de todos eles não importa. O que é certo é que se trata de um ritmo
quente, dançante e que deliciosamente por isso mesmo, está tomando de assalto o
gosto do público.
O mambo é, agora, introduzido entre nós por
Emilinha Borba, através desse curioso Bico Doce, gravado pela
Continental, e que leva a prestigiosa assinatura de Haroldo Barbosa. Trata-se,
com efeito, do primeiro mambo nacional. Os que se conhece são estrangeiros e os
responsáveis pela nova “coqueluche”.
Muito interessante, com efeito, esse mambo de
Haroldo Barbosa. Talvez se possa fazer alguma restrição à sua letra, que prima
pela irreverência, chegando às vezes às raias do dramático. O ritmo, porém,
supera a letra, satisfazendo em cheio, os apreciadores do mambo.
Rádio São Paulo - Emilinha em 1949 |
O samba Vizinho do 57, que faz parte da
face oposta do disco, além de dotado de altas doses de “bossa”, possui fundo
romântico muito agradável. Bonitinha e bem feita a letra.
Emilinha Borba é magnificamente secundada pela
Orquestra Tabajara, de Severino Araújo, que, diga-se de passagem, de gravação
para gravação, se supera a si próprio. O conjunto paraibano, sem dúvida
nenhuma, é um dos melhores do país e não seria temerário se afirmássemos da
América Latina. Admirável a sua seção de instrumentos de percussão. Sabem os
seus componentes, com propriedades, soprar vigorosamente para fora nos momentos
precisos e conservar-se em segunda plana quando é o caso. Severino Araújo,
assim, pode vangloriar-se de haver conseguido formar uma orquestra altamente
homogênea que, através das suas orquestrações, contribui sensivelmente para a
valorização da nossa música popular.
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Neyde Fraga |
Na foto: Neyde Fraga é, realmente, como já disse
alguém, “a garota que canta gostoso”. Apesar de ser um autêntico e firmado
cartaz do rádio paulista, foi olvidada pelas gravadoras, A Elite, agora, a tem
sob contrato e Neyde vem de gravar vários números para a etiqueta da rua Major
Quedinho: Triste Adeus, toada de Rômulo Pais; Eh! Boi, baião de
Hervé Cordovil; Meu Romance, samba de Sereno; Quando Alguém Vai
Embora, samba-canção de Cyro Monteiro e Dias Cruz. Dignas de nota as
orquestrações e a perfeição das gravações, que serão objeto das apreciações das
nossas próximas notas.
Fantástico esse blog. Obrigada pela iniciativa, parabéns pelo trabalho. Estarei acompanhando e ajudo, sempre que possível, a divulgá-lo. Abraço.
ResponderExcluirObrigado, Fernanda! Divulgue mesmo! Abração.
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