sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Diário da Noite, 18 de Julho de 1950

VIOLINO

Jascha Heifetz, o grande violinista romeno[1] que a platéia paulista já teve ocasião de aplaudir, numa temporada que realizou no Teatro Municipal de São Paulo, considerado, por abalizados críticos musicais de todo o mundo, senão o maior, um dos mais perfeitos violinistas de todos os tempos, gravou, para a Victor, já faz algum tempo, Sapateado, de Sarasate, e, na face oposta do disco, duas singelas páginas: Murmúrios do Mar, de Castelnuovo e Tadesco, e o Vôo do Besouro, de Rimsky Korsakov. As três pequenas jóias da música universal, no disco que temos em mão, são transcrições do original, para violino, feitas pelo próprio Heifetz.

Enquanto que em Murmúrios do Mar a execução, sempre impecável, do festejado virtuose é mais lenta e suave, em o Vôo do Besouro, página muito conhecida, em conseqüência de um sem número de gravações feitas por inumeráveis artistas, conjuntos e virtuoses, Heifetz movimenta mais o arco e os seus impressionantemente ágeis dedos, dando margem aos ouvintes admirar mais de perto a sua técnica superior.

Pablo de Sarasate
No lado em que se acha gravado o Sapateado, de Sarasate, Heifetz, ao que parece, empregou todo o seu poder interpretativo para brindar aos seus admiradores, que se contam às centenas em todos os países do mundo, com uma gravação digna do seu renome. Muito curioso os efeitos dos seus famosos pizzicatos.

Merece observação especial o acompanhamento ao piano, executado por Emanuel Bay. Discreto, mas seguro, límpido e com personalidade. Emanuel Bay, sem dúvida alguma, além de um excelente acompanhador deverá ser um magnífico solista, do que dá mostras, principalmente na face em que está gravado o Vôo do Besouro, onde sola, por momentos, de forma admirável.

Jascha Heifetz
O disco é de responsabilidade da etiqueta Victor, selo vermelho, importado. Não é novo, evidentemente, e já deve haver, até, edições nacionais. Todavia, só agora essa preciosa gravação é que nos chegou às mãos.

Trata-se, assim, de um disco que se precisa e deve recomendar aos amantes da boa música, especialmente aos que apreciam solos de piano.

Na foto: Após nos proporcionar uma notável Hora Staccato, com a orquestra de Georges Henry, tendo como solista de assovio William Fourneau, a Continental nos vai oferecer mais dois magníficos números pelo conjunto do aplaudido band leader gaulês: Holiday for Strings, de David Rose e a Dança do Sabre, um retalho de conhecida de Khachaturian. William Fourneau, o gorducho que todos aprendemos a admirar, estará em ação com o seu notável assovio. Aliás, essa gravação vai ser executada, na próxima quinta-feira, às 22 horas, nos estúdios de São Paulo da Continental. Se for possível, lá estaremos para assistir.


[1] Na verdade ele nasceu na Lituânia.

Diário da Noite, 15/2/50 - Clique para ver em alta resolução

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