terça-feira, 19 de novembro de 2013

Diário da Noite, 03 de Maio de 1950

UM GRANDE REGENTE

Dentro de poucos dias deverá chegar ao Rio de Janeiro o maestro britânico Sir Malcolm Sargent, um dos mais aplaudidos regentes da Inglaterra e muito apreciado do público de todo mundo, em virtude das suas gravações à frente da Filarmônica de Londres. Como o discófilo apreciador da música erudita deve se interessar em conhecer os dados biográficos de Malcolm Sargent, eis aqui algumas anotações:

Aos treze anos graduou-se em música, recebendo o diploma de “Bachelor of Music”. Tencionava seguir as pegadas de seu progenitor e tornar-se um organista. Assim, fez um estágio na Catedral de Peterborough e, depois, aperfeiçoou-se na igreja Melton Mowbray Parish. Seus recitais aí – e em Leicester no Montfort Hall – conquistaram a admiração do público. Foi nessa época que Moiseiwitsch o aconselhou a se especializar em piano. Após um período de estudos sob a orientação de Moiseiwitsch, Sargent tocava concertos regidos por Hallé e outros famosos condutores de orquestra. Serviu na Infantaria Ligeira Durham durante a guerra de 1914-18, e um ano depois de seu término obteve o diploma de doutor. Por essa época, Sir Malcolm Sargent já estava esculpindo, de forma indelével, a sua carreira como regente de Coros e Orquestras.

Benno Moisewitsch
E em 1921, quando conduziu em três ocasiões sua composição Impression on a Windy Day, foi aclamado com desmedido entusiasmo pela imprensa e pelo público. Organizou, então, no ano seguinte, a sinfônica de Leicester, tendo excursionado com várias companhias inglesas de óperas durante as estações apropriadas, das quais, quase sempre, fazia parte o famoso “Ballet Russo” de Diaghileff. Durante dezoito anos Sir Sargent não só regeu os concertos “Robert Mayer”, para crianças, como também teve seus sucessos assegurados pela maneira jovial com que expunha ao seu auditório a música infantil. Em 1928 tornou-se maestro-chefe da Royal Choral Society e, em seguida, diretor-musical dos concertos do Courtauld-Sargent. Durante os últimos trinta anos tem mantido uma estreita associação com os concertos de Hallé e as aulas do Leeds Festival e Royal College.

Malcolm Sargent
Há, na carreira de Sargent, um fato que revela a sua determinação de seguir o destino escolhido. Em 1929, quando ainda com 34 anos de idade, foram-lhe oferecidas 7.000 libras anuais para tocar num cinema. A quantia era tentadora. Mas Sargent recusou. Aquilo poderia cortar-lhe a carreira.

Seus dotes como músico e compositor, maestro de coral e coro de igreja; seus finos e abalizados pareceres nas palestras sobre música nas numerosas sessões do Brain Trust; a dinâmica maneira de reger orquestra, a recente distinção da Universidade de Oxford, conferindo-lhe o título honorário de Doutor em Música mostram claramente a sua versatilidade tão bem quanto o grau de alta estima que desfruta.

Sir Malcolm Sargent, à frente da Orquestra Sinfônica de Londres, grava, como se sabe, para a Columbia inglesa, tendo levado à cera as maiores páginas musicais de compositores de todos os países.

Na foto: Sir Malcolm Sargent e sua famosa batuta.

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