quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Diário da Noite, 26 de Maio de 1950

PIANISTA DE VALOR

Noticiamos há poucos dias a transferência, com malas e bagagens, da Odeon para a Capitol, da pianista patrícia Carolina Cardoso de Menezes, há muito tempo ausente dos suplementos. Aliás, essa ausência era por todos notada, especialmente pelos seus admiradores, que estranhavam o fato de Carolina não estar mais gravando. Felizmente, foi uma ausência temporária, pois na nova gravadora recém-instalada no Brasil a nossa pianista já levou à cera diversas melodias. Por sinal que coube à querida intérprete a primazia de inaugurar a etiqueta nacional da Capitol. Tanto é assim que o seu disco, objeto das nossas apreciações de hoje, levou o nº00-001. A Capitol, assim, pode considerar-se de parabéns com a sua aquisição que, sem dúvida, honrará o seu prestigioso e extenso cast. Carolina Cardoso de Menezes é, com efeito, uma grande artista nacional apaixonada pela nossa música. Aliás, com a sua performance em Pombo Correio e Regressando, dois rumorosos chorinhos encerrados neste seu primeiro disco para a etiqueta em questão, ela confirma a nossa assertiva. Seus dedos impulsionam as teclas do instrumento cm habilidade tal, que o nosso corpo, em face do ritmo forte da partitura, procura remexer-se instintivamente. As notas vertem de seus dedos com uma impetuosidade e abundância tais que deixa a gente seriamente impressionada.

Carolina Cardoso de Menezes
Dificilmente outro pianista conseguirá realizar o que executa Carolina nestes dois chorinhos. Embora em ambas as faces do disco a festejada intérprete se porte de forma excelente, gostamos mais da face de Regressando, onde ela consegue, através dos agudos, efeitos ímpares, harmoniosos apesar do vigor com que dedilha as teclas, demonstrando, assim, alto sentido musical.

Não temos receio em recomendar esse disco, ainda àqueles que não apreciam o gênero. Estes, mesmo não gostando dos chorinhos, poderão admirar a técnica soberba de uma pianista popular. Os que gostarem do ritmo bamboleante, especialmente para dançar, não devem perdê-lo. Entretanto, para os admiradores de longa data de Carolina Cardoso de Menezes, especialmente, é que este disco se recomenda.

Pianos Brasil, 1949
Na foto: Esta é a figura curiosa e pitoresca de Aquilino, “o malabarista do sax-alto”. O público paulistano já conhece a maneira típica com que Aquilino faz uso do seu saxofone, porquanto realizou ele, recentemente, uma temporada entre nós, atuando numa emissora e em boates. Pois Aquilino gravou para a Continental El Burro de Pegas e Venga Ya, um passo-double. Recorda-se que foram estas as músicas com que, nesta Capital, Aquilino arrancou demorados aplausos do público.


Muito boa a gravação.

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