PIANISTA DE VALOR
Noticiamos há poucos dias a transferência, com
malas e bagagens, da Odeon para a Capitol, da pianista patrícia Carolina
Cardoso de Menezes, há muito tempo ausente dos suplementos. Aliás, essa
ausência era por todos notada, especialmente pelos seus admiradores, que
estranhavam o fato de Carolina não estar mais gravando. Felizmente, foi uma
ausência temporária, pois na nova gravadora recém-instalada no Brasil a nossa
pianista já levou à cera diversas melodias. Por sinal que coube à querida
intérprete a primazia de inaugurar a etiqueta nacional da Capitol. Tanto é
assim que o seu disco, objeto das nossas apreciações de hoje, levou o nº00-001.
A Capitol, assim, pode considerar-se de parabéns com a sua aquisição que, sem
dúvida, honrará o seu prestigioso e extenso cast. Carolina Cardoso de
Menezes é, com efeito, uma grande artista nacional apaixonada pela nossa
música. Aliás, com a sua performance em Pombo Correio e Regressando,
dois rumorosos chorinhos encerrados neste seu primeiro disco para a etiqueta em
questão, ela confirma a nossa assertiva. Seus dedos impulsionam as teclas do
instrumento cm habilidade tal, que o nosso corpo, em face do ritmo forte da
partitura, procura remexer-se instintivamente. As notas vertem de seus dedos
com uma impetuosidade e abundância tais que deixa a gente seriamente
impressionada.
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Carolina Cardoso de Menezes |
Dificilmente outro pianista conseguirá realizar o que executa Carolina
nestes dois chorinhos. Embora em ambas as faces do disco a festejada intérprete
se porte de forma excelente, gostamos mais da face de Regressando, onde
ela consegue, através dos agudos, efeitos ímpares, harmoniosos apesar do vigor
com que dedilha as teclas, demonstrando, assim, alto sentido musical.
Não temos receio em recomendar esse disco, ainda
àqueles que não apreciam o gênero. Estes, mesmo não gostando dos chorinhos,
poderão admirar a técnica soberba de uma pianista popular. Os que gostarem do ritmo
bamboleante, especialmente para dançar, não devem perdê-lo. Entretanto, para os
admiradores de longa data de Carolina Cardoso de Menezes, especialmente, é que
este disco se recomenda.
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Pianos Brasil, 1949 |
Na foto: Esta é a figura curiosa e pitoresca de
Aquilino, “o malabarista do sax-alto”. O público paulistano já conhece a
maneira típica com que Aquilino faz uso do seu saxofone, porquanto realizou
ele, recentemente, uma temporada entre nós, atuando numa emissora e em boates.
Pois Aquilino gravou para a Continental El Burro de Pegas e Venga Ya,
um passo-double. Recorda-se que foram estas as músicas com que, nesta Capital,
Aquilino arrancou demorados aplausos do público.
Muito boa a gravação.
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