CANTOR DE PERSONALIDADE
Temos a certeza de que vamos comentar o disco de
um cantor que, apesar de desfrutar de elevado renome como intérprete de
operetas, é desconhecido, aqui no Brasil, do grande público. Trata-se de Luiz
Mariano. É ele, se não nos equivocamos, ítalo-francês.[1]
Seu timbre vocal é curiosíssimo. A tonalidade é de tenor. Mas é de uma
suavidade e de uma extensão que impressionam. Luiz Mariano, com efeito, canta
como ninguém.
Apesar de se tratar de um cantor de renome, com
exceção da gravação que estamos comentando, não há outras aqui no Brasil, o que
é de se lamentar. Mesmo a de que estamos tratando, dificilmente poderá ser
encontrada nas casas revendedoras, pois se trata de gravação “His Master’s
Voice”, importada. Portanto, de número limitado, já devendo, por isso, ter se
esgotado.
No disco em apreço, Luiz Mariano gravou, em uma
das faces, a valsa da opereta La Belle de Cadix, de Maurice Vandair e
Francis Lopez, intitulada Maria Luisa; e na outra, trecho da mesma
opereta, por sinal com o próprio título da peça. Entretanto, conquanto Luiz
Mariano se porte de maneira soberba em ambas as faces do disco, admiramo-lo
mais na face de Maria Luisa, onde está, positivamente, espetacular. É
por isso, por esta face, em particular, que o fato de não existir entre nós
outras gravações desse artista, nos causa espécie.
Porque uma voz como a de
Luiz Mariano precisa ser ouvida e admirada. Afinal de contas, nem sempre se tem
a oportunidade de se tomar contato com um artista com o quilate desse
ítalo-francês. Em La Belle de Cadix, valsa que dá o nome
à opereta, e que completa o disco, possui uma letra chistosa e insinuante,
dando-lhe Mariano, por isso, um tratamento elevado e condigno.
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Luiz Mariano |
O acompanhamento é executado pela orquestra de
Henry Rys que é, como se sabe, um dos bons conjuntos de Paris. Não sabemos se a
orquestração é ou não de Henry Rys ou se é dos próprios autores da opereta.
Entretanto, o que é certo é que se trata de uma orquestração magnífica, que o
conjunto soube executar, nos dois lados do disco, de forma segura e bastante
convincente.
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Eddy Duchin |
Na foto: Pouca gente tomou conhecimento entre os
lançamentos da Columbia, do mês último, do disco de Eddy Duchin, no qual ele
interpreta, em solo de piano, Às Três da Manhã e My Melancholy Baby,
dois tradicionais foxes norte-americanos. Todavia, trata-se de um disco
merecedor da atenção do discófilo, porquanto Eddy Duchin, mais uma vez, nos
demonstra a sua soberba técnica pianística.
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