APOLOGIA DO SUICÍDIO
Custa-nos crer que Carlos Crespo, o festejado
autor de Hipócrita e de outros boleros de êxito, tenha escolhido um tema
tão infeliz para a sua última composição, recentemente gravada pela etiqueta
Victor, na voz de Fernando Fernandez, precisamente o criador de Hipócrita.
Com efeito, Carlos Crespo entendeu de escolher exatamente o suicídio para tema
de seu último trabalho ao qual, aliás, deu o próprio título de Suicídio.
Como o próprio nome está a indicar, Suicídio
conta a história triste de um jovem desesperadamente apaixonado que, não sendo
correspondido pela amada, acaba por suicidar-se, disparando uma bala na cabeça.
Tema, como se vê, nada agradável para um bolero.
A música é interessante. A
letra, porém, é de amargar. Supinamente trágica. Pior ainda: ridícula. Foi pena
Carlos Crespo estragar uma melodia tão curiosa numa letra tão fora de
propósito.
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Casa Ricordi |
Essa face do disco em apreço, portanto, é
condenável em virtude da sua letra, de tema mórbido. Todavia, a face B, em que
se acha gravada uma composição de Maria Alma, intitulada Si Fuera uma
Qualquiera, atenua, um pouco, o baixo padrão artístico da gravação
anterior, posto tratar-se um bolero bonitinho, muito bem cantado por Fernando
Fernandez, que foi magnificamente secundado pelo conjunto orquestral.
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Adelina Garcia |
Vamos, portanto, aguardar melhores composições
de Carlos Crespo, do mesmo padrão, por exemplo, de Hipócrita. Este Suicídio,
positivamente, nunca deveria ser gravado, nem ter o seu autor escolhido
semelhante tema para a sua música. Se continuar assim, Carlos Crespo acabará,
como compositor, se “suicidando”.
Na foto: Adelina Garcia volta a estar presente
no suplemento Odeon para o mês de julho próximo, cantando La Mucura, o
divulgadíssimo porro colombiano, e a canção Tu, Donde Estás?, que leva a
assinatura do inspirado compositor asteca Gabriel Ruiz.
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