As firmas gravadoras já começaram a receber as
listas e as provas das novidades a serem lançadas no próximo mês de agosto. É
com satisfação que observamos que a música nacional está dignamente
representada, pelo menos em quantidade. É de esperar-se que o sejam, também, em
qualidade. Algumas provas que já ouvimos nos deram boa impressão. Mas vamos às
novidades: a Odeon promete, por exemplo, Hebe Camargo, a estrelinha associada,
cantando Oh! José e Quem Foi que Disse?, dois magníficos sambas,
aliás, já comentados nesta coluna; Fernando Barreto, também cantando dois
sambas, Homenagem e Companheira; Dircinha Batista, ainda com dois
sambas, valorizados pela assinatura famosa de Ary Barroso: Chama-se João
e Na Batucada da Vida, este com uma letra terrível, quase imoral, de
Luiz Peixoto; Wilson Roberto, cantando Brasil Romântico, um bom samba, e
Amor e Mais Amor, versão brasileira do divulgadíssimo bolero de Bobby
Capo; os Trigêmeos Vocalistas, com o seu estilo habitual, cantando o
afro-brasileiro Ogum Nilê e a valsa Há Passado; Jorge Fernandes,
nas canções folclóricas Engenhos de Minha Terra e Vaquejada; e,
finalmente, Raul de Barros, com o seu trombone, tendo na parte vocal, Violeta Cavalcante,
nos choros Parabéns Para Você e Faísca. Há ainda no suplemento da
gravadora da rua da Liberdade a programação de um disco que esperamos com a
mais viva ansiedade: Sinfonia do Guarani, de Carlos Gomes, em duas
faces, com Heriberto Muraro ao piano, acompanhado de grande orquestra, dirigida
pelo maestro Francisco Mignone.
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Os Trigêmeos Vocalistas |
Por seu lado, a Continental, também sempre farta
em produções nacionais, programou uma porção de gravações com artistas
brasileiros, cuja relação ainda não obtivemos mas que, se adianta, ser bastante
variada.
A Victor, cuja lista de melodias para agosto
ainda não foi elaborada, ao que supomos, prepara, segundo informações que
colhemos, um bom suplemento de novidades nacionais, desta vez bem cuidado, com
composições selecionadas com rigor e caprichosamente orquestradas. Vamos
aguardar.
A Capitol, cuja fábrica nacional vem de ser
inaugurada na capital da República, e que vai constituir séria concorrente para
as demais gravadoras há muito tempo instaladas no Brasil, pela propaganda que
já iniciou através do rádio e da imprensa, vai caprichar, com o máximo rigor, o
seu suplemento nacional. Para agosto, por exemplo, ao que se adianta, os
melhores lançamentos nacionais serão da Capitol. Será mesmo? Que fiquem de
sobreaviso a Odeon, a Victor, a Continental e a Elite, já que a Star continua
capengando. E por falar na Elite, também a nova e simpática etiqueta tem gratas
surpresas, no campo musical nacional, para o mês vindouro.
Casa Roberto Gordon |
Como se vê, o próximo mês promete, no campo do
disco. Haja dinheiro para se gastar...
Na foto: Carmen Miranda está figurando na lista
avançada da Odeon, em sua parte internacional, com um disco no qual se acha
gravado, numa das faces, o Baião, de Luiz Gonzaga. Ouvimos a prova desse
Baião, cantado pela ex-“garota notável”. Que coisa horrível, santo Deus!
Por cúmulo do azar, ainda intervém as Irmãs Andrews para tornar a gravação mais
barulhenta. O que a nossa querida Carmen tão estragadinha pelos americanos,
canta, pode ser tudo, menos o delicioso Baião,
de Luiz Gonzaga. Como o espírito infantil dos norte-americanos aceita tudo de
bom grado, é possível que o tal “Baião” seja lá Estados Unidos um grande
sucesso. Aqui, porém, valerá apenas como simples curiosidade.
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