VOCALISTA DE FUTURO
A Continental deve agarrar de unhas e dentes
esse vocalista que é Jorge Goulart. Dono de uma bela voz, límpida e agradável,
e dono de uma sensibilidade interpretativa dificilmente encontrada em muitos
dos nossos artistas, por vezes de grande fama, Jorge Goulart está fadado a
futuro promissor. Seu timbre e entonação vocal nos fazem lembrar o Sílvio
Caldas dos áureos tempos. Não que ele procure imitar o consagrado “caboclinho”,
posto que sua maneira de cantar tem personalidade. Todavia, a natureza tem
desses caprichos. Dir-se-á que a voz de Jorge Goulart é gêmea da de Sílvio
Caldas e, como a deste, está destinada, é fácil prever, a conquistar legiões de
fãs.
São Paulo e Fim de Estrada são dois bonitos sambas
que Jorge Goulart vem de gravar para a Continental. O primeiro, como o próprio
nome deixa antever, descreve a Capital paulista, com sua vibração, seu
trabalho, suas fábricas, seus arranha-céus, suas chaminés e suas mulheres.
Jorge interpreta o samba de forma superior, dando-lhe a vibração que requer,
cantando com larga dose de disposição. Acompanha-o o conjunto de Severino
Araújo, que nos dá uma orquestração digna dos melhores encômios.
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Jorge Goulart |
A face oposta do disco – Fim de Estrada –
é mais fraca que a primeira. É natural. Mesmo assim, o trabalho de Wilson
Batista é interpretado com muita propriedade pelo cantor. Aqui, em determinadas
passagens, a gente tem a impressão de que é o próprio Sílvio Caldas quem está
cantando. Impressiona-nos a similaridade.
O disco, portanto, especialmente pela face de São
Paulo, cuja letra canta a terra paulista, sua gente e seu trabalho e,
sobretudo pela bela interpretação de Jorge Goulart, é recomendável.
Da gravação propriamente dita, nada há que
dizer, pois o chiado é quase imperceptível, o que indica que a Continental está
usando massa de boa qualidade, e a captação do cantor e da orquestra para a
cera foi muito bem feita pelo técnico.
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Gaó Gurgel (foto do site http://musicachiado.webs.com/) |
Na foto: Dificilmente há quem desconheça esse
apaixonado da música brasileira que é Gaó Gurgel, ou mais simplesmente, “Gaó”.
Sua famosa orquestra “Columbia” fez época em São Paulo, dada a sua
homogeneidade. Gaó, embora esteja em São Paulo, chefiando o jazz sinfônico
de uma das nossas emissoras, deixou, quando de sua estada nos Estados Unidos,
uma série de gravações que estão assombrando os norte-americanos: Bumble
Boogie Samba, Corcovado, Maxixe Carioca, Pão de Açúcar,
Penha, Rio, Salgueiro e Urca são os nomes das
músicas que o festejado band leader brasileiro gravou com um trio formado por
ele ao piano, uma bateria e um contrabaixo, tendo em algumas delas intervindo a
vocalista Danita, uma entusiasta da nossa música em plagas norte-americanas.
É de esperar que as edições nacionais dessas
gravações não demorem.
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