sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Diário da Noite, 23 de Junho de 1950

GRAVAÇÕES DE GIGLI

Beniamino Gigli é, incontestavelmente, um dos mais festejados tenores do mundo. Possui, em todos os países, enorme legião de admiradores. A grande maioria de seus fãs consideram a sua voz, no momento, “a melhor do mundo”. Outros, entretanto, embora admiradores de sua arte, sem dúvida superior, não chegam ao extremo de considerá-lo um êmulo de Enrico Caruso, afirmando até, enfaticamente, ser Beniamino Gigli o maior de todos os tenores. Somos dos que admiram a arte de Gigli. Não o consideramos insuperável, porém. Interpretações existem – e aí estão os discos, para comprovar – em que o famoso tenor se porta de forma notável. Outras há, porém, sobre as quais preferimos guardar reserva. Assim é que muitas gravações de melodias italianas e de óperas, levadas a efeito por Gigli, são inferiores às de Tito Schipa, a quem consideramos o mais suave e melodioso tenor de que se tem notícia, ou mesmo as levadas ao disco por Bruno Landi, Jean Kiepura ou Tagliavini, também considerado por muitos “o maior”.

Questão de gosto, porém convém ressaltar, não se discute. Para os que gostam da voz de Gigli, ele é o maior tenor do mundo. O mesmo se dá com os que apreciam a arte de Schipa, Kiepura, Tagliavini ou Landi.

Beniamino Gigli
Estas considerações preliminares foram motivadas pelo fato de termos em mão um punhado de gravações de Beniamino Gigli, feitas para a “His Master’s Voice”. São elas: Santa Lucia Luntana, Voce ‘e Notte; Mamma Mia Che Vo Sapé; Musica Proibita; Una Furtiva Lacrima, da ópera Elixir de Amor (2º ato), de Donizetti; Ombra Mai Fu, da ópera Xerxes, de Haendel; Elegie; Plaisir D’Amour; O Del Mio Amato Ben; Amarili; Carretieri (Canto dos Carroceiros Sicilianos), e, finalmente, Matinatta Siciliana.

Os cinco primeiros discos correspondem a gravações feitas há muito tempo, quando Gigli, embora já fosse um cartaz internacional, não possuía o renome de que hoje desfruta. Santa Lucia Luntana e Voce ‘e Notte, por exemplo, são gravações executadas há mais de vinte anos. O último disco da relação, porém, é de gravação recente. Chamamos a atenção do leitor para a gravação de Amarili, que é um madrigal do século XVI, ao qual Gigli empresta uma interpretação digna dos maiores elogios.

Casa Nelson & Nelson

Andrew Sisters
Nada há que dizer das gravações da “His Master’s Voice”, sempre perfeitas, dignas do renome de que desfruta mundialmente.

Na foto: Eis as nossas velhas conhecidas Andrew Sisters, um dos mais perfeitos trios vocais dos Estados Unidos. Voltarão a figurar na lista de novidades para julho da etiqueta Odeon com o disco em que gravaram dois foxes: Carlinhos e Ele Usava Fita Amarela. Os que apreciam o estilo das Andrews estão de parabéns, porquanto os números que apresentam são relativamente interessantes.

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