UM BOM SEXTETO
Procurou-nos, há poucos dias, o Sr. Osvaldo
Norton, chefe de um sexteto de ritmo argentino, atualmente nesta Capital,
cumprindo contrato com uma boate. O jovem band leader ofertou-nos, com
amável dedicatória, um disco com gravações do seu conjunto, executadas há
poucos meses na Argentina sob a responsabilidade da etiqueta Odeon.
O conjunto do Sr. Osvaldo Norton, como se sabe,
executa peças tipicamente dançantes. As gravações do seu sexteto, portanto, são
ideais para os salões de baile. O disco que ele nos ofertou não foge à regra.
Ali estão gravadas duas páginas essencialmente dançantes: En un Barco Lento
a la China e Rica Pulpa. O fox de Frank Loesser foi otimamente
tratado pelo pequeno conjunto, notando-se que o chefe da orquestra se preocupou
mais que com qualquer outra coisa, em imprimir à partitura um ritmo bem
marcado, a fim de satisfazer aos anseios dos bailarinos impenitentes. A
orquestração dá destaque ao clarinete, soprado por Barbieri,[1]
que, no conjunto é, também, responsável pelo sax-tenor, e ao vibrafone do
próprio Sr. Norton. A vocalização de Teddy, crooner do conjunto, não deixa
de ser interessante. Digna de observação ainda a marcação do compasso, feita
pelo contrabaixo de Quintela.[2]
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Eliseo Grenet |
Na face oposta do disco, a rumba de Eliseo
Grenet, Rica Pulpa, muito divulgada em todo o mundo depois que Carlos
Ramirez a gravou. Gostamos imensamente do solo de piano executado por Luch,
quase ao meio da gravação, quando lhe é permitido o destaque. Superior em todos
os sentidos. Foi encarregado da parte vocal Jorge Belmar. Não está mal.
Esforça-se por chegar até o último sulco com segurança, conseguindo-o. O
finalzinho é que nos pareceu forçado. A impressão que se tem é de que Rica
Pulpa, em face da sua vibrante movimentação, não é a página ideal para a
esquisita voz de Belmar. Afora isso, o sexteto em peso – composto por Norton,
ao vibrafone; Luch, ao piano; Quintela, ao contrabaixo; Teddy, à guitarra
elétrica; Macias à bateria e Barbieri ao clarinete e ao sax-tenor –
esparramou-se a valer, como, aliás, o permite a composição de Eliseo Grenet.
Aquele encaixe do trecho da Rapsódia Húngara nº2, de Lizst, não deixa de
ser curioso, embora bizarro.
O disco é de fabricação da Odeon argentina. Bom
material e muito bem apresentado. A edição nacional desse disco só daqui a
alguns meses será possível.
Casa Roberto Gordon |
OSVALDO NORTON
Osvaldo Norton e seu sexteto, apesar de figurar
na lista de novidades da Odeon para o mês corrente, com El Manisero e Pálida
Canción, já executou, na Argentina, um punhado de novas gravações, entre as
quais a que focalizamos em nossa nota de hoje.
[1] Mario
Barbieri, tio do conhecido saxofonista Leandro “Gato” Barbieri”.
[2] Infelizmente
não consegui achar, até o momento, referências seguras de todos esses músicos, Quintela,
Luch, Belmar e Macias para poder incluí-los no índice.
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