quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Diário da Noite, 16 de Maio de 1950

NOTAS E NOTÍCIAS

Vamos fazer hoje um novo parêntesis em nossas apreciações sobre as últimas gravações lançadas no mercado, a fim de trazer aos amáveis leitores mais um punhado de notícias intimamente presas ao mudo dos discos. Ei-las:

Esteve na Argentina, durante a semana última, o Sr. Aníbal Conde, diretor da Odeon, a fim de contratar para a etiqueta da rua da Liberdade alguns dos mais afamados artistas argentinos, cujos contratos se findaram com outras gravadoras. O Sr. Conde nos prometeu, dentro de alguns dias, revelar os nomes desses cartazes e outras novidades. Aguardaremos. – A Continental mandou reformar inteiramente os seus estúdios de gravação de São Paulo, estando os trabalhos nos retoques finais. – Por outro lado, os estúdios de gravação que a Odeon mandou construir anexos à sua grande fábrica, em Santo André, também estão quase prontos. – Isto vem revelar que tanto a Continental como a Odeon vão incrementar as gravações em São Paulo, o que não deixa de ser uma boa notícia para os artistas paulistas, cuja grande maioria jazia no esquecimento por parte das firmas gravadoras. – Luiz Gonzaga, o homem das sanfonas e dos baiões, terminou mais uma melodia da série dedicada às profissões. Ele, que lançou um número dedicado aos sapateiros, o Vou Batendo Sola, e outro aos alfaiates, Vou Cortando Pano, gravará para o próximo suplemento Victor, Sou Chofer de Praça. – Por falar em Luiz Gonzaga, encontra-se ele de malas prontas para retornar a São Paulo, posto que o seu contrato com uma emissora carioca já está prestes a findar-se. Não obstante, a transmissora está fazendo o impossível para prendê-lo sob outro contrato.

Zé Gonzaga, quando entrou no cast da Tupi
(Diário da Noite, 31/5/50)
– Ao que parece, Zé Gonzaga, irmão do homem dos baiões, vai trocar de nome, nos discos, a pedido de Luiz, a fim de evitar confusão. Como se sabe, Luiz Gonzaga grava para a RCA Victor e Zé Gonzaga, para a Odeon. – Marlene gravará ainda esta semana, para a Continental, o maracatu Cambinda Briante. – A Odeon vem de perder uma grande artista: Carolina Cardoso de Menezes, a deliciosa pianista patrícia, que passou de armas e bagagens para a Capitol nacional, já tendo, aliás, gravado diversos discos. – Também Heleninha Costa passou para a Capitol, rescindindo o seu contrato com a Continental. – A nova gravadora nacional, como se vê, está procurando açambarcar para a sua etiqueta os melhores cartazes nacionais, muitos dos quais já estão sendo trabalhados. – E por falar em Heleninha Costa, anuncia-se que ela contrairá matrimônio brevemente com um dos elementos do conjunto vocal Os Cariocas. – Francisco Carlos, aquele cantor de Carnaval no Fogo, gravou o bolero de Humberto Teixeira e Oldemar Magalhães, Timidez. – As irmãs Castro, o afinado duo paulista, gravaram, para a Continental, dois baiões.

Maria Kareska, em óleo sobre de tela,
 de Flávio de Carvalho (1950)
– My Melancholy Baby, é o último sucesso de Perry Como para a etiqueta Victor. – A Continental está gravando as vozes dos nossos maiores poetas, lendo os seus mais representativos trabalhos. Manoel Bandeira foi o primeiro. A iniciativa não deixa de ser curiosa. – A modinha Quem Sabe..., de Carlos Gomes, vem de ser gravada pela Continental na magnífica voz do soprano tcheco Maria Kareska.

E é só.

Na foto: Maria Kareska, o aplaudido soprano que todos nós aprendemos a admirar, dada a sua invulgar tonalidade vocal e sensibilidade interpretativa, gravou no princípio deste mês, para a Continental, vários discos. Em um deles, foi colocada a modinha Quem Sabe..., de Carlos Gomes, como uma homenagem pela passagem do primeiro centenário de nascimento do grande mestre campineiro.

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