NOTAS E NOTÍCIAS
Vamos fazer hoje um novo parêntesis em nossas
apreciações sobre as últimas gravações lançadas no mercado, a fim de trazer aos
amáveis leitores mais um punhado de notícias intimamente presas ao mudo dos
discos. Ei-las:
Esteve na Argentina, durante a semana última, o
Sr. Aníbal Conde, diretor da Odeon, a fim de contratar para a etiqueta da rua
da Liberdade alguns dos mais afamados artistas argentinos, cujos contratos se
findaram com outras gravadoras. O Sr. Conde nos prometeu, dentro de alguns
dias, revelar os nomes desses cartazes e outras novidades. Aguardaremos. – A
Continental mandou reformar inteiramente os seus estúdios de gravação de São
Paulo, estando os trabalhos nos retoques finais. – Por outro lado, os estúdios
de gravação que a Odeon mandou construir anexos à sua grande fábrica, em Santo
André, também estão quase prontos. – Isto vem revelar que tanto a Continental
como a Odeon vão incrementar as gravações em São Paulo, o que não deixa de ser
uma boa notícia para os artistas paulistas, cuja grande maioria jazia no
esquecimento por parte das firmas gravadoras. – Luiz Gonzaga, o homem das
sanfonas e dos baiões, terminou mais uma melodia da série dedicada às
profissões. Ele, que lançou um número dedicado aos sapateiros, o Vou Batendo
Sola, e outro aos alfaiates, Vou Cortando Pano, gravará para o
próximo suplemento Victor, Sou Chofer de Praça. – Por falar em Luiz
Gonzaga, encontra-se ele de malas prontas para retornar a São Paulo, posto que
o seu contrato com uma emissora carioca já está prestes a findar-se. Não
obstante, a transmissora está fazendo o impossível para prendê-lo sob outro
contrato.
Zé Gonzaga, quando entrou no cast da Tupi (Diário da Noite, 31/5/50) |
– Ao que parece, Zé Gonzaga, irmão do homem dos baiões, vai trocar de
nome, nos discos, a pedido de Luiz, a fim de evitar confusão. Como se sabe,
Luiz Gonzaga grava para a RCA Victor e Zé Gonzaga, para a Odeon. – Marlene
gravará ainda esta semana, para a Continental, o maracatu Cambinda Briante.
– A Odeon vem de perder uma grande artista: Carolina Cardoso de Menezes, a
deliciosa pianista patrícia, que passou de armas e bagagens para a Capitol
nacional, já tendo, aliás, gravado diversos discos. – Também Heleninha Costa
passou para a Capitol, rescindindo o seu contrato com a Continental. – A nova
gravadora nacional, como se vê, está procurando açambarcar para a sua etiqueta
os melhores cartazes nacionais, muitos dos quais já estão sendo trabalhados. –
E por falar em Heleninha Costa, anuncia-se que ela contrairá matrimônio
brevemente com um dos elementos do conjunto vocal Os Cariocas. – Francisco
Carlos, aquele cantor de Carnaval no Fogo, gravou o bolero de Humberto
Teixeira e Oldemar Magalhães, Timidez. – As irmãs Castro, o afinado duo
paulista, gravaram, para a Continental, dois baiões.
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Maria Kareska, em óleo sobre de tela, de Flávio de Carvalho (1950) |
– My Melancholy Baby, é o último sucesso de Perry Como para a etiqueta Victor. – A Continental está gravando as vozes dos nossos maiores poetas, lendo os seus mais representativos trabalhos. Manoel Bandeira foi o primeiro. A iniciativa não deixa de ser curiosa. – A modinha Quem Sabe..., de Carlos Gomes, vem de ser gravada
pela Continental na magnífica voz do soprano tcheco Maria Kareska.
E é só.
Na foto: Maria Kareska, o aplaudido soprano que
todos nós aprendemos a admirar, dada a sua invulgar tonalidade vocal e
sensibilidade interpretativa, gravou no princípio deste mês, para a
Continental, vários discos. Em um deles, foi colocada a modinha Quem Sabe..., de Carlos Gomes, como uma
homenagem pela passagem do primeiro centenário de nascimento do grande mestre
campineiro.
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