sábado, 30 de novembro de 2013

Diário da Noite, 28 de Julho de 1950

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Grande é a atividade existente nos bastidores das empresas gravadoras. Muitos dos objetivos dessa atividade são conservados em segredo, obrigando o cronista que assumiu o compromisso de trazer os discófilos informados, a um trabalho penoso, a fim de cavoucar notícias de interesse. O segredo é a alma do negócio, diz o brocardo; daí a razão de uma empresa não querer que a concorrente saiba do que vai nos seus bastidores. Mesmo assim, aqui vão mais algumas notinhas:

A Continental vai lançar, dentro em pouco tempo, uma etiqueta subsidiária: “Discos de Toda a América”. Não pudemos saber se “Discos de Toda a América” tem alguma relação com os lançamentos da etiqueta Mercury, que o selo dos três sininhos vai representar no Brasil, ou se se trata de uma terceira marca, na qual – pensamos nós – estariam incluídos muitos sucessos da Decca. – A Columbia americana vem de colocar na praça pequenos discos de sete polegadas (18 centímetros) de 33.1/3 rotações por minuto, de longa gravação. Visa a empresa atender às exigências do público, em sentido contrário à prática da empresa, de gravar quatro ou mais números diferentes numa mesma face de 10 ou de 12 polegadas. Para o discófilo, sem dúvida – e em especial para o colecionador – isto representa uma grande vantagem, além de lhe proporcionar uma liberdade de escolha que, antes, não podia ter com os discos – recitais de 10 e 12 polegadas e por serem tais discos inquebráveis e de preço baixo.

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O começo do "Long-Playing", de 33 rotações
– A Victor, cujo repertório de música clássica é dos mais admiráveis segundo as listas que temos em mão, está regravando uma porção de concertos, suítes, óperas, sinfonias, além de peças clássicas avulsas, que de há muito se achavam esgotadas na praça. – A MGM, de Londres, vem de colocar nas casas revendedoras do país variada partida de discos contendo música de recentes filmes. – Já chegaram ao Brasil os primeiros toca-discos especiais para gravações de 33.1/3. Uma firma de São Paulo, aliás, já está anunciando a venda de vitrola capaz de tocar discos normais, de 78 rpm, de 45 rpm e os discos Long Playing, de gravação microgroove.

Sarah Vaughan
 – A Columbia acaba de organizar um álbum contendo gravações de Sarah Vaughan, a que deu o título de Sarah Vaughan Sings For You. – Dentro de poucos dias, os Titulares do Ritmo, bem assim o maestro Armando Chiglione[1] embarcarão para o Rio de Janeiro onde irão realizar novas gravações para a Odeon. – Um disco que promete ser um grande sucesso, em agosto próximo, é o que os Demônios da Garoa gravaram para a Elite e sobre o qual já demos notícia nesta mesma coluna. – O Trio Mineiro é o novo conjunto caipira que o selo da rua Major Quedinho nos promete e no qual deposita grandes esperanças, pois, ao que se diz, é um conjunto bastante seguro e homogêneo. – Lidar com o público é coisa que demanda muita arte e dose imensa de paciência. Entretanto, certos empregados de determinadas lojas revendedoras da cidade desconhecem a arte de vender e não são dotados de um pingo de paciência. Quando a loja se movimenta, tratam mal o cliente, espantando-o para longe. Cumpre aos proprietários desses estabelecimentos observar melhor a conduta dos seus funcionários. O público já está aborrecido com essas demonstrações de incivilidade.

Quatro Ases e Um Coringa
Na foto: O “côco” é um novo ritmo que Luiz Gonzaga, agora que viu o baião triunfar em toda a linha, descobriu e pretende tornar conhecido do povo. Já há diversas composições feitas em ritmo de “côco” e a primeira a ser levada ao disco foi Derramaro o Gai, que fez de parceria com Zé Dantas, e que Os 4 Ases e Um Coringa gravaram, sob a responsabilidade do selo Victor. É uma composição interessante, apesar da dose de malícia a ela impressa, que os autores souberam temperar com inteligência.


[1] Não encontro referência desse maestro em lugar nenhum. Talvez seja “Ghiglione”, mas continuo procurando.

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