terça-feira, 19 de novembro de 2013

Diário da Noite, 11 de Maio de 1950

ÊXITO GARANTIDO

É sempre com reservas que recebemos os célebres “arranjos modernos” da música erudita. É que nem sempre os “arranjadores” são felizes nas adaptações e o resultado é que o ouvinte trava conhecimento com acordes musicais dos grandes mestres, completamente mutilados, dando-lhe falsa noção do original, quase sempre perfeito, melodioso e belo. Isso não quer dizer, porém, que todas as adaptações sejam más. Há, até, as que, por assim dizer, melhoram o original, popularizando-o, isto é, despertando no público o desejo de conhecer a música clássica, tal qual fora escrita pelo autor.

Hora Staccato, a conhecida partitura escrita originalmente para violino é uma das músicas ultimamente mais visadas pelos arranjadores modernos e pelos intérpretes populares. Na versão clássica, foi gravada pela quase totalidade dos virtuoses, sendo a mais famosa a executada por Jascha Heifetz para a Victor, havendo também uma transcrição para orquestra sinfônica que foi gravada, ainda para a etiqueta Victor, pela Boston Pops, sob a regência famosa de Arthur Fiedler. A versão popular tem sido gravada por um sem número de orquestras e conjuntos. As mais famosas, todavia, são a gravada por Harry James, em solo de pistão, muito conhecida graças ao filme Escola de Sereias, do qual participa, e a executada por Benny Goodman, em solo de clarineta.

Freddy Martin
Freddy Martin, todavia, apanhou a partitura original e ainda que pareça incrível, adaptou-a para solo de assovio, acompanhado de orquestra. Essa gravação, que é Victor, foi uma coqueluche em todo o mundo. E com razão, porquanto o solista, Gene Conklin, com o seu assovio, nos dá uma Hora Staccato curiosa.

A Continental, agora, vai lançar a mesma Hora Staccato na versão da orquestra francesa de Georges Henry, tendo por assoviador William Fourneau. Será um sucesso esse disco. Georges Henry e William Fourneau estão verdadeiramente espetaculares. Aquele no pistão e este no assovio. A versão não é a mesma de Freddy Martin, mas do chefe do conjunto francês. E é melhor. Especialmente o assovio de Fourneau, mais claro e seguro. Observe-se nos últimos sulcos da gravação a disputa entre o assovio e o pistão. Além de humorístico, demonstra o impressionante fôlego dos dois solistas. Note-se, ainda, o acompanhamento executado pelo conjunto, que é perfeito, não sendo dada uma nota fora, apesar das passagens rápidas todas elas se entrosando de forma perfeita com o solista assoviador. A gravação Continental, por sua vez, é magnífica, captando com limpidez o solo de Fourneau e quase sem chiado, frisando-se que foi feita nos seus estúdios do Rio de Janeiro – nacional, portanto.

Êxito garantido está reservado a esse disco.

Na foto: Fazia tempo que a vozinha curiosa de Ademilde Fonseca se ausentara do disco. Quem não se lembra do seu famoso Tico-Tico no Fubá, ainda hoje tão procurado e disputado? Pois Ademilde estará de volta, dentro em pouco, ainda com dois bamboleantes chorinhos: Brasileirinho e Teco-Teco. Ouvimos as provas desse disco e pudemos verificar que a querida vocalista retorna bastante segura, e magnificamente secundada pelo regional de Altamiro Carrilho, cantando os chorinhos como só ela sabe.

Brasileirinho e Teco-Teco foram gravadas há poucos dias e o disco sairá em princípios de julho, ao que nos informou o Hernani Dantas, da Continental.

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