ÊXITO GARANTIDO
É sempre com reservas que recebemos os célebres
“arranjos modernos” da música erudita. É que nem sempre os “arranjadores” são
felizes nas adaptações e o resultado é que o ouvinte trava conhecimento com
acordes musicais dos grandes mestres, completamente mutilados, dando-lhe falsa
noção do original, quase sempre perfeito, melodioso e belo. Isso não quer
dizer, porém, que todas as adaptações sejam más. Há, até, as que, por assim
dizer, melhoram o original, popularizando-o, isto é, despertando no público o
desejo de conhecer a música clássica, tal qual fora escrita pelo autor.
Hora Staccato, a conhecida partitura escrita
originalmente para violino é uma das músicas ultimamente mais visadas pelos
arranjadores modernos e pelos intérpretes populares. Na versão clássica, foi
gravada pela quase totalidade dos virtuoses, sendo a mais famosa a executada
por Jascha Heifetz para a Victor, havendo também uma transcrição para orquestra
sinfônica que foi gravada, ainda para a etiqueta Victor, pela Boston Pops, sob
a regência famosa de Arthur Fiedler. A versão popular tem sido gravada por um
sem número de orquestras e conjuntos. As mais famosas, todavia, são a gravada
por Harry James, em solo de pistão, muito conhecida graças ao filme Escola de Sereias, do qual participa, e
a executada por Benny Goodman, em solo de clarineta.
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Freddy Martin |
Freddy Martin, todavia, apanhou a partitura
original e ainda que pareça incrível, adaptou-a para solo de assovio,
acompanhado de orquestra. Essa gravação, que é Victor, foi uma coqueluche em
todo o mundo. E com razão, porquanto o solista, Gene Conklin, com o seu
assovio, nos dá uma Hora Staccato curiosa.
A Continental, agora, vai lançar a mesma Hora
Staccato na versão da orquestra francesa de Georges Henry, tendo por
assoviador William Fourneau. Será um sucesso esse disco. Georges Henry e
William Fourneau estão verdadeiramente espetaculares. Aquele no pistão e este
no assovio. A versão não é a mesma de Freddy Martin, mas do chefe do conjunto
francês. E é melhor. Especialmente o assovio de Fourneau, mais claro e seguro.
Observe-se nos últimos sulcos da gravação a disputa entre o assovio e o pistão.
Além de humorístico, demonstra o impressionante fôlego dos dois solistas.
Note-se, ainda, o acompanhamento executado pelo conjunto, que é perfeito, não
sendo dada uma nota fora, apesar das passagens rápidas todas elas se entrosando
de forma perfeita com o solista assoviador. A gravação Continental, por sua
vez, é magnífica, captando com limpidez o solo de Fourneau e quase sem chiado,
frisando-se que foi feita nos seus estúdios do Rio de Janeiro – nacional,
portanto.
Êxito garantido está reservado a esse disco.
Na foto: Fazia tempo que a vozinha curiosa de
Ademilde Fonseca se ausentara do disco. Quem não se lembra do seu famoso Tico-Tico
no Fubá, ainda hoje tão procurado e disputado? Pois Ademilde estará de
volta, dentro em pouco, ainda com dois bamboleantes chorinhos: Brasileirinho
e Teco-Teco. Ouvimos as provas desse disco e pudemos verificar que a
querida vocalista retorna bastante segura, e magnificamente secundada pelo
regional de Altamiro Carrilho, cantando os chorinhos como só ela sabe.
Brasileirinho e Teco-Teco foram gravadas há
poucos dias e o disco sairá em princípios de julho, ao que nos informou o
Hernani Dantas, da Continental.
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