domingo, 8 de dezembro de 2013

Diário da Noite, 9 de agosto de 1950

MÚSICA SINFÔNICA

Enquanto não recebemos as novidades em música popular, em gravações ainda em prova, a serem lançadas em setembro próximo, estamos reservando algum espaço para apreciações sobre algumas peças clássicas.

Tivemos ocasião de ouvir e analisar a Sinfonia nº5, em Dó Menor, opus 67, de Beethoven, em gravação da Orquestra Filarmônica de Berlim, de antes da guerra, é bom frisar, sob a direção de Wilhelm Furtwängler, para a “His Master’s Voice”. Essa obra faz parte do álbum Victor nº DM-426, com cinco discos de 12 polegadas, para mudança automática.

A Sinfonia nº5, de Beethoven, uma das mais conhecidas das nove que o grande surdo compôs, teve a sua estréia a 22 de dezembro de 1808, no Teatro de Viena, mas, segundo o próprio Beethoven, foi esboçada por volta de 1800, tendo ocupado a sua atenção por muito tempo. Os retoques finais, contudo, foram feitos em 1808, em Heiligenstadt, retiro favorito de Beethoven, fora de Viena.

É ainda o próprio Beethoven quem esclarece o sentido dessa obra, descrevendo-a como a luta do indivíduo contra o Destino, narrando todas as esperanças e desesperos, até a vitória final. “Assim bate o destino à porta”, é a significação que ele dá às quatro primeiras notas do primeiro movimento. Vale a pena recordar que, durante a segunda guerra mundial, os Aliados usaram o início desse movimento como arma de guerra psicológica contra o Eixo, por corresponderem essas quatro notas à letra “v”, inicial da palavra “vitória”, em código Morse. Isso tornou a Sinfonia em Dó Menor ainda mais conhecida e popular, não só pelo rádio como por meio de novas gravações pelas orquestras inglesas e americanas.

Diário de S. Paulo, 18/6/50
Cumpre notar, entretanto, que a gravação objeto das nossas considerações é anterior à guerra. A idade, entretanto, não lhe diminui o valor, pela interpretação e pela qualidade do som.

Wilhelm Furtwängler
É uma das melhores contribuições do grande regente germânico para a fonografia, embora, por uma questão de gosto pessoal, se possa discordar do andamento dado aos dois primeiros movimentos, se o compararmos com o dado por Wilhelm Mengelberg, na gravação da Orquestra do Concertgebouw, de Amsterdã, uma das mais recomendáveis segundo a opinião de vários críticos.

Os discos desse álbum são de fabricação inglesa, de excelente qualidade. Entretanto, as matrizes são de origem alemã.

Na foto: Dos mais recomendáveis o álbum Victor DM-230, onde vamos encontrar o Concerto nº1 em Ré Menor, de Paganini, com Yehudi Menuhin e a Orquestra Sinfônica de Paris, sob a direção de Pierre Monteux. O álbum em questão contém cinco discos de 12 polegadas, de magnífica sonoridade e ausentes de chiado.

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