MÚSICA SINFÔNICA
Enquanto
não recebemos as novidades em música popular, em gravações ainda em prova, a
serem lançadas em setembro próximo, estamos reservando algum espaço para
apreciações sobre algumas peças clássicas.
Tivemos
ocasião de ouvir e analisar a Sinfonia nº5, em Dó Menor, opus 67, de
Beethoven, em gravação da Orquestra Filarmônica de Berlim, de antes da guerra,
é bom frisar, sob a direção de Wilhelm Furtwängler, para a “His Master’s
Voice”. Essa obra faz parte do álbum Victor nº DM-426, com cinco discos de 12
polegadas, para mudança automática.
A
Sinfonia nº5, de Beethoven, uma das mais conhecidas das nove que o
grande surdo compôs, teve a sua estréia a 22 de dezembro de 1808, no Teatro de
Viena, mas, segundo o próprio Beethoven, foi esboçada por volta de 1800, tendo
ocupado a sua atenção por muito tempo. Os retoques finais, contudo, foram
feitos em 1808, em Heiligenstadt, retiro favorito de Beethoven, fora de Viena.
É
ainda o próprio Beethoven quem esclarece o sentido dessa obra, descrevendo-a
como a luta do indivíduo contra o Destino, narrando todas as esperanças e
desesperos, até a vitória final. “Assim bate o destino à porta”, é a
significação que ele dá às quatro primeiras notas do primeiro movimento. Vale a
pena recordar que, durante a segunda guerra mundial, os Aliados usaram o início
desse movimento como arma de guerra psicológica contra o Eixo, por
corresponderem essas quatro notas à letra “v”, inicial da palavra “vitória”, em
código Morse. Isso tornou a Sinfonia em Dó Menor ainda mais conhecida e
popular, não só pelo rádio como por meio de novas gravações pelas orquestras
inglesas e americanas.
Diário de S. Paulo, 18/6/50 |
Cumpre
notar, entretanto, que a gravação objeto das nossas considerações é anterior à
guerra. A idade, entretanto, não lhe diminui o valor, pela interpretação e pela qualidade do som.
É uma das melhores contribuições do
grande regente germânico para a fonografia, embora, por uma questão de gosto
pessoal, se possa discordar do andamento dado aos dois primeiros movimentos, se
o compararmos com o dado por Wilhelm Mengelberg, na gravação da Orquestra do
Concertgebouw, de Amsterdã, uma das mais recomendáveis segundo a opinião de
vários críticos.
Wilhelm Furtwängler |
Os
discos desse álbum são de fabricação inglesa, de excelente qualidade.
Entretanto, as matrizes são de origem alemã.
Na
foto: Dos mais recomendáveis o álbum Victor DM-230, onde vamos encontrar o Concerto
nº1 em Ré Menor, de Paganini, com Yehudi Menuhin e a Orquestra Sinfônica de
Paris, sob a direção de Pierre Monteux. O álbum em questão contém cinco discos
de 12 polegadas, de magnífica sonoridade e ausentes de chiado.
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