LANÇAMENTOS ANTECIPADOS
A
Odeon colocou nas revendedoras, durante esta semana, dois discos cujos
lançamentos estavam programados para meados do próximo mês. Aliás, a eles já
fizemos referências, em notas anteriores. Trata-se das gravações do bolero Hipócrita
e da canção francesa Clopin-Clopant, na voz de Gregorio Barrios; e do Baião,
de Luiz Gonzaga, e do Moto Perpétuo, de sua autoria, na interpretação de
Heriberto Muraro, em solo de piano, secundado de grande orquestra.
Com
alusão ao disco de Gregorio Barrios temos a dizer que o festejado vocalista
espanhol, que muitos julgam argentino ou, mesmo, mexicano, está convincente,
embora a sua interpretação do bolero de Carlos Crespo não seja das melhores.
Gregorio dá muita vazão à sua exuberante voz, dando-nos a impressão de que
pretende, tal qual Gino Bechi, fazer exibicionismo. E isso compromete as
interpretações.
A
adaptação da composição de Bruno Coquatrix, feita pelo argentino Ben Molar,
está excelente. Entretanto, pareceu-nos que não é a música ideal para a voz de
Gregorio, que exige composições movimentadas.
Clique para ver em alta resolução |
Ambas
as gravações foram executadas nos estúdios da Odeon, no Rio de Janeiro. Secunda
o famoso bolerista o conjunto de Oswaldo Borba, aliás o responsável pelos
arranjos, muito bem feitos, por sinal.
Com
referência às gravações de Muraro, é sempre com satisfação que as examinamos.
Em várias oportunidades analisamos os discos desse festejado pianista,
compositor e regente argentino, há tempos radicado no Brasil. Ultimamente, como
os apreciadores do disco devem ter observado, Muraro tem se dedicado ao estudo
de grandes arranjos para piano e orquestra, de músicas populares, culminando,
agora, com o Baião de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Através dessa
gravação pode-se ter uma idéia da evolução artística de Muraro, cada vez mais
aprimorando a sua técnica. Dos seus dedos brotam notas com uma abundância de
espantar e sempre de efeitos imprevistos e agradáveis. Gostamos muito do seu Baião
semi-sinfônico. Já em Moto Perpétuo parece que Muraro sofreu acentuada
influência do Tico-Tico no Fubá de Zequinha de Abreu, dando-nos
flagrante impressão de um escandaloso plágio. Isso com referência à composição.
Quanto à execução, é o Muraro de sempre.
O
conjunto de Oswaldo Borba, enxertado de vários elementos, foi o responsável
pelo acompanhamento da “grande orquestra”, a que faz referência a etiqueta.
Como sempre, Osvaldo Borba brilhou, especialmente na face do Baião, onde
há passagens da orquestra muito bonitas.
Na
foto: Muraro teve o seu disco, no qual se achava gravado o Baião de Luiz
Gonzaga, e o Moto Perpétuo, de sua própria autoria, lançado
antecipadamente, pois estava programado para o suplemento de setembro próximo.
Trata-se de duas gravações bastante interessantes, especialmente pela face do Baião,
onde vamos encontrar um bonito arranjo para piano e orquestra e melhor execução
do festejado pianista argentino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário