CONDENÁVEL
Não
faz muito, ao apreciarmos a primeira gravação do novo Trio de Ouro, intitulado Caminho
Certo, tivemos ocasião de reprovar a atitude Herivelto Martins, chefe do
trio, que, através das suas últimas composições, especialmente deste samba Caminho
Certo, procura tornar público o por que da dissolução do trio – o antigo
Trio de Ouro, que tanto sucesso alcançou – e as razões que levaram ele e Dalva,
a voz feminina do conjunto e sua esposa, separar-se, após aquela turnê à
Venezuela.
Por
seu turno, compositores evidentemente interessados e interesseiros, fabricam
para Dalva, músicas, cujas letras procuram responder às palavras das
composições de Herivelto. É bem verdade que os autores de Dalva, apesar desse
sádico interesse comercial, compõem coisas mais elegantes, em linguagem mais
correta. Haja vista a sua última gravação, o bolero Que Será, que revela
o atual estado de alma não da artista, mas da mulher, de Dalva, na vida real.
Agora,
à vista da última composição de Herivelto – Caminho Certo – segundo se
noticia, Dalva está processando por crime de injúria, o seu ex-marido. Em
conseqüência, o disco de Caminho Certo esteve retido por algum tempo. E
fãs de Dalva tentaram, numa tarde destas, agredir Herivelto, à porta de um
jornal carioca. Depois disso, o popular compositor foi até a redação do jornal
e declarou que “se a carapuça serve a alguém ele não tem culpa”...
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Diário da Noite, 27/7/50 |
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O Trio de Ouro, em priscas eras |
Ora,
tudo isso é profundamente ridículo, produto que é da insensatez e da sede de
popularidade, ainda que para matá-a, se lance mão de um drama conjugal, que
jamais deveria ser trazido a público, ainda mais da maneira como foi feita.
Condenável,
positivamente condenável!
Na
foto: Este é o antigo Trio de Ouro, que tantos aplausos arrancou do público de
todo o Brasil. Suas gravações eram apreciadíssimas e ainda são procuradas.
Agora surgiu o novo Trio de Ouro, do qual já falamos por esta coluna, e com ele
uma série de músicas que historiam as “encrencas” do casal Herivelto-Dalva, com
as quais o público nada tem que ver.
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