TANGOS
Houve
época em que o tango, como o bolero e o baião, atualmente, dominava. Só se
cantava tangos, como no momento só se canta e assovia boleros românticos e
buliçosos baiões. Carlos Gardel, Francisco Canaro, Francisco Lomuto, Charlo,
Ernesto Famá, Tania, Mercedes Simone, Juan de Dios Filiberto, Alfredo de
Angelis e outros eram cartazes que todo o mundo admirava e os seus fãs
reviravam os olhos ao ouvir uma de suas interpretações. Entretanto, o advento
do tango passou. E passou por dois motivos, sendo o principal deles o fato de
os compositores transformarem as suas partituras em autênticos dramalhões,
cheios de lamúrias, choros e soluços. A outra razão foi a popularidade do
bolero que, diga-se de passagem, ultimamente está enveredando,
inadvertidamente, para o mesmo caminho do tango, isto é, seus autores começam a
insistir em temas dramáticos. Haja vista a última composição do autor de Hipócrita,
Carlos Crespo, intitulada Suicídio. Haverá tema tão fora de propósito
como esse? Entretanto, Carlos Crespo utilizou-o e, até, deu-se ao luxo de
radiofonizar a gravação para imprimir maior realismo ao seu Suicídio.
Entretanto,
apesar de o tango não possuir mais aquela legião enorme de apreciadores, ele
tem o seu público. Assim, as firmas gravadoras, todos os meses, não deixam de
incluir em seus repertórios, uma ou duas gravações, contendo o ritmo argentino.
Charlo (Carlos Pérez de la Riestra) |
É
para os apreciadores do tango, portanto, a nossa nota de hoje, uma vez que
vamos divulgar as novidades do tango, prometidas pelas diversas etiquetas, e a
serem lançadas no próximo mês.
Pela
orquestra de Francisco Lomuto, a Victor tem programado nada menos de seis
discos, contendo as seguintes gravações: Seleções de Tangos, Una
Pena, Mi Mejor Canción, Muñequita, Sombras... Nada Más, La Calle Maldita,
Mi Moro, Pialando Léguas, Mi Corazón Te Llama e Vivorita.
A
Odeon, além dos discos de Gardel, que todos os meses são reeditados, e depois
de nos ter dado, no suplemento deste mês, gravações das orquestras típicas de
Enrique Rodriguez e Osvaldo Pugliese, incluiu em sua lista de setembro próximo,
gravações das típicas de Francisco Canaro e de Rodolfo A. Biagi. O primeiro,
com os tangos La Cara de La Luna e La Clavada; e a segunda com o
tango Cuando Llora Mi Milonga, tendo na parte vocal Alberto Amor, e a
valsa Amor y Vals, vocalizada por Alberto Lago.
Casa Nelson & Nelson |
Roldofo Biagi |
A
Continental, por sua vez, através de gravações da Sond’Or, do Uruguai, já está
colocando nas revendedoras, pela orquestra típica de Carusito, os tangos No
Puede Perder e Sierra y Miguelete.
A
safra de tangos, como se pode verificar, não vai ser tão grande no mês próximo,
o que facilitará a tarefa de escolha por parte dos apreciadores do delicioso
ritmo portenho.
Na
foto: A característica principal das gravações de Rodolfo A. Biagi e sua
orquestra típica argentina é o destaque sempre permitido ao seu piano,
dedilhado com muito vigor, dando aos tangos que interpreta colorido diverso das
demais orquestras típicas portenhas. Um disco do conjunto de Biagi está
programado para os lançamentos da Odeon para setembro próximo. Cuando Llora
Mi Milonga e Amor y Vals são as melodias que fazem parte desse
disco.
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