segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Diário da Noite, 22 de agosto de 1950

TÓPICOS E NOTÍCIAS

Os artistas do disco já estão em grande atividade, selecionando as composições carnavalescas que lhes têm sido entregues, a fim de levá-los à cera. Dizem que é copiosa a safra de “abacaxis” para este ano, e os artistas não desejam “queimar” inutilmente as suas cotas nas gravadoras. – A Elite, que lançou com tanto sucesso as primeiras gravações de Neyde Fraga, não pretende gravar músicas carnavalescas com a estrelinha paulista, a fim de “não estragá-la”. Roberto Amaral e os Demônios da Garoa é que vão formar a linha de frente carnavalesca da gravadora da rua Major Quedinho. – Maria Kareska, o apreciado soprano eslavo, que já realizou várias gravações para a Continental, está programada para fazer mais algumas gravações para a etiqueta dos três sininhos. Olhos Negros, a popular canção eslava, é uma das páginas que Maria Kareska levará ao disco na sua curiosa voz. – Dois discos de Isaura Garcia vêm de ser colocados nas revendedoras pela Victor: Diga-me a Verdade, samba de Herondino Silva e Augusto Mesquita, e Velho Enferrujado, choro de Gadé e Walfrido Silva, fazem parte de um disco; Pé de Manacá, baião de Hervé Cordovil, com palavras de Vicente Leporace, completam o outro. O primeiro disco encerra duas composições bastante fracas, com a estrela paulista fazendo tudo para se safar sem arranhar o seu cartaz. Já o segundo tem duas músicas de bom padrão, especialmente o samba Pode Ficar. Em Pé de Manacá foi uma pena que o autor se tenha arvorado em cantor. Sua voz, além de fosca, não combina bem com a de Isaura. Se o disco fosse gravado com outra voz masculina teria saído melhor.

Folha da Noite, 1948
– A Elite programou, para setembro próximo, o lançamento do disco do Trio Mineiro, em que se acham gravadas as composições Chapéu de Couro, de J. Bruno de Carvalho, e Fazendeiro, também de J. Bruno de Carvalho em parceria com Oliveira e Rangel. – Por ocasião da inauguração oficial das instalações da sua fábrica, quinta-feira última, a Odeon distribuiu aos convidados um interessante folheto ilustrado, no qual, além da descrição das atividades da firma em todo o mundo, fomos encontrar uma interessante história do disco no Brasil. – Yvette Giraud, a vocalista francesa que tantas gravações interessantes nos tem proporcionado, ao que se anuncia, virá ao Brasil. São Paulo e Rio, naturalmente, aplaudirão a festejada cantora gaulesa. – Gregorio Barrios, que vem de terminar sua temporada artística no Rio de Janeiro, após um retumbante sucesso em São Paulo, gravou, não faz muito, na Argentina, o bolero Ay de Mi, um dos grandes sucessos de Fernando Albuerne, para a Odeon.

Rubens Peniche
A edição nacional de Ay de Mi, na voz de Gregorio, ainda não saiu. Entretanto, tendo aparecido por aqui algumas gravações importadas, os telefones da Odeon, ao que nos informaram, não cessam de tocar consultando sobre quando sairá a edição nacional da aludida gravação. Minha Santa, baião de Peter Pan e Ary Monteiro, e Fidelidade, samba de Herivelto Martins, são as composições que fazem parte do último disco de Gilberto Alves para a Victor.

E é tudo por hoje.

Na foto: Eis aqui um artista que dispensa apresentação. De fato, Rubens Peniche é um dos mais categorizados vocalistas da nova geração. Atua com crescente sucesso ao microfone de uma das nossas emissoras. A Continental, em seu suplemento de setembro próximo, programou um disco do cantor colored de São Paulo, em que estão gravadas as melodias Dança da Nobreza, mazurca de José Assad (Beduíno) e Pique Será, valsa de roda de autoria do mesmo compositor.

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