domingo, 8 de dezembro de 2013

Diário da Noite, 8 de agosto de 1950

NÃO É O MESMO

Apesar de havermos analisado todos os lançamentos do suplemento Odeon de julho último, um deles entretanto escapou-nos, tendo apenas tecido sobre ele ligeiras considerações. Trata-se do disco da nova orquestra de Artie Shaw, no qual vamos encontrar dois bons foxes: O Amor Chegou, de George Gershwin, e Não Posso Viver Sem Ti, de Cole Porter. Pelas assinaturas dos responsáveis pelas partituras, verificar-se-á que se trata de boas obras.

Fizemos questão de voltar a falar sobre esse disco, analisando-o, embora um pouco atrasados pelo simples fato de se tratar de um lançamento em primeira mão no Brasil, isto é, antes mesmo de ser editado nos Estados Unidos, tratando-se, portanto, de uma autêntica e absoluta primazia. De fato, enquanto a Odeon nacional, o mês passado, lançava no Brasil, em São Paulo e no Rio de Janeiro, simultaneamente a aludida gravação, só agora que, nos Estados Unidos, as revistas e publicações especializadas a ela estão fazendo referência.

A gravação não está má. Infelizmente, porém, observamos que o irrequieto clarinetista já não é o mesmo Artie Shaw dos áureos tempos. Já não possui aquele timbre exuberantemente sonoro e a amplitude de causar admiração. A impressão que se tem, por estes “lados”, é de que Artie Shaw iniciou o seu declínio para o ocaso da sua brilhante carreira musical.

Artie Shaw
O novo conjunto que Artie nos apresenta não é dos piores. Bem ensaiadinho, homogêneo, possuindo elementos de reais méritos, especialmente o guitarrista Jimmy Raney, o pistonista D. Fagerquist e o sax-tenor Zoot Sims, cujos solos impressionam bem. Igualmente a seção de trombones convence.

Don Fagerquist
É bem provável que o novo conjunto venha reconquistar o prestígio que a antiga orquestra de Shaw desfrutava. Gostaríamos, entretanto, que o próprio Artie, nas futuras gravações, se apresente mais brilhante, mais claro em sonoridade e menos cansado.

Por se tratar de uma gravação da nova orquestra de Artie Shaw, o disco em questão merece ser conhecido, especialmente pelos antigos fãs do festejado clarinetista.

Na foto: Artie Shaw reapareceu nos suplementos de novidades da Odeon, através de uma gravação que foi lançada no Brasil antes mesmo de sair das prensas das gravadoras norte-americanas. Coube, assim, aos discófilos brasileiros, a primazia de conhecer a primeira gravação do novo conjunto de Artie antes que os norte-americanos. Uma página de Gershwin e outra de Cole Porter é o que a nova orquestra de Artie nos proporciona.

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