NÃO É O MESMO
Apesar
de havermos analisado todos os lançamentos do suplemento Odeon de julho último,
um deles entretanto escapou-nos, tendo apenas tecido sobre ele ligeiras
considerações. Trata-se do disco da nova orquestra de Artie Shaw, no qual vamos
encontrar dois bons foxes: O Amor Chegou, de George Gershwin, e Não
Posso Viver Sem Ti, de Cole Porter. Pelas assinaturas dos responsáveis
pelas partituras, verificar-se-á que se trata de boas obras.
Fizemos
questão de voltar a falar sobre esse disco, analisando-o, embora um pouco
atrasados pelo simples fato de se tratar de um lançamento em primeira mão no
Brasil, isto é, antes mesmo de ser editado nos Estados Unidos, tratando-se,
portanto, de uma autêntica e absoluta primazia. De fato, enquanto a Odeon
nacional, o mês passado, lançava no Brasil, em São Paulo e no Rio de Janeiro,
simultaneamente a aludida gravação, só agora que, nos Estados Unidos, as revistas
e publicações especializadas a ela estão fazendo referência.
A
gravação não está má. Infelizmente, porém, observamos que o irrequieto
clarinetista já não é o mesmo Artie Shaw dos áureos tempos. Já não possui
aquele timbre exuberantemente sonoro e a amplitude de causar admiração. A
impressão que se tem, por estes “lados”, é de que Artie Shaw iniciou o seu
declínio para o ocaso da sua brilhante carreira musical.
Artie Shaw |
O
novo conjunto que Artie nos apresenta não é dos piores. Bem ensaiadinho,
homogêneo, possuindo elementos de reais méritos, especialmente o guitarrista
Jimmy Raney, o pistonista D. Fagerquist e o sax-tenor Zoot Sims, cujos solos
impressionam bem. Igualmente a seção de trombones convence.
Don Fagerquist |
É
bem provável que o novo conjunto venha reconquistar o prestígio que a antiga
orquestra de Shaw desfrutava. Gostaríamos, entretanto, que o próprio Artie, nas
futuras gravações, se apresente mais brilhante, mais claro em sonoridade e
menos cansado.
Por
se tratar de uma gravação da nova orquestra de Artie Shaw, o disco em questão
merece ser conhecido, especialmente pelos antigos fãs do festejado
clarinetista.
Na
foto: Artie Shaw reapareceu nos suplementos de novidades da Odeon, através de
uma gravação que foi lançada no Brasil antes mesmo de sair das prensas das
gravadoras norte-americanas. Coube, assim, aos discófilos brasileiros, a
primazia de conhecer a primeira gravação do novo conjunto de Artie antes que os
norte-americanos. Uma página de Gershwin e outra de Cole Porter é o que a nova
orquestra de Artie nos proporciona.
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