EXPLICAÇÃO IMPRESCINDÍVEL
Já afirmamos uma vez e tornamos a reiterar a afirmativa
nessa conjetura: não temos a pretensão de ser críticos. Nosso objetivo, com
esta despretensiosa coluna de discos, outro não é senão examinar as gravações
lançadas pelas diversas firmas e sobre elas tecer algumas considerações,
demonstrando ao leitor, que gosta de disco, quais os lançamentos que deve ou
quais os que não deve incluir em sua estante. Assim, a fim de orientar o
público, além da nossa opinião sobre as gravações, compilamos pequenas
informações sobre o que vai no mundo dos discos, objetivando trazer sempre em
dia as notícias relacionadas ou diretamente presas ao movimento discófilo.
Temos procurado ser absolutamente imparciais em
nossas apreciações. Ao analisarmos uma gravação não olhamos a sua etiqueta. Se
a gravação merece aplausos não lhe regateamos, seja o seu selo de uma grande
gravadora ou seja da mais modesta. O mesmo acontece com as gravações vulgares,
que não são poucas, muitas das quais não merecem sequer um comentário, mesmo
desfavorável. Assim, nos limitamos apenas a noticiar o seu aparecimento.
Ao que parece, entretanto, o nosso trabalho não
está sendo bem compreendido. Pelo menos, em determinada gravadora. E
precisamente a empresa sobre cujos discos temos tecido, por merecerem, as mais
favoráveis apreciações. Nem tudo, entretanto, o que ali se grava é de bom
padrão. De modo que, a par dos comentários favoráveis, não temos aplaudido
outras iniciativas suas. Isso levou um mentor da aludida firma gravadora a nos
procurar para nos fazer sentir que o nosso trabalho “não o estava satisfazendo”.
Argumentou que a sua nova fábrica, sendo “a maior da América do Sul” (é opinião
dele), não poderia compreender por que temos proporcionado aos seus lançamentos
tratamento igual aos das demais, cujos produtos ele considera inferiores ao da
sua firma.
Como se vê, o aludido produtor não apreendeu bem as finalidades desta seção. Por que haveríamos de olhar com mais simpatia aos seus discos? Esta coluna existe em função do disco e não das gravadoras. Por que, por exemplo, haveríamos de tecer considerações favoráveis a um seu lançamento que, positivamente, não as merece e ao qual, como sugerimos, dada a letra inconveniente da composição, deveria ser colocado, em lugar bem visível, os dizeres “impróprio para menores e senhoritas”? Demais, que nos perdoe a franqueza o aludido mentor, pouco se nos dá se os nossos comentários desfavoráveis não lhe agradem. Não temos, com ele ou com qualquer outra firma gravadora, nacional ou estrangeira – e nem poderíamos ter – quaisquer compromissos.
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Rádio Tupi - Cancioneiro do Brasil, 1950 |
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Edú da Gaita |
Na foto: Eduardo Nadruz, ou “Edú”, como é
conhecido, pode ser incluído no rol dos mais perfeitos virtuoses da gaita, ou
harmônica de boca. Tendo perfeita noção de sua arte e possuidor de um bom gosto
musical, aliada a uma apurada sensibilidade, “Edú” escolhe bonitas páginas para
levar ao disco, satisfazendo, assim, as exigências dos seus incontáveis
admiradores, não só no Brasil, como de todo o mundo, especialmente dos países
sul-americanos. Sua última gravação para a Continental, da qual é artista
exclusivo, e que por sinal já foi objeto de considerações neste canto de
coluna, encerra duas interessantes páginas: Arabescos e Fumaça Nos
teus Olhos.
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