quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Diário da Noite, 2 de setembro de 1950

TÓPICOS E INFORMAÇÕES

Dentro de alguns dias começarão a aparecer, nas vitrines das revendedoras os discos da nova etiqueta “Toda América”. Como se sabe, “Toda América” é uma nova marca subsidiária da Continental, isto é, os seus discos serão prensados e distribuídos pela organização Byington. – A propósito da nova etiqueta, apresentará ela uma inovação em sua etiqueta: em seu selo, além do número correspondente à gravação, o título da música e o nome do intérprete ou da orquestra, terá ainda a fotografia do artista. Se se tratar de um conjunto, terá a foto do chefe. Há casos em que a etiqueta não apresentará foto alguma, mas o globo terrestre demonstrando os contornos de “Toda América”. – Dentro de poucos dias, a Capitol entregará às revendedoras o primeiro disco de Stellinha Egg. Trata-se de uma maracatu estilizado, de autoria de Geraldo Medeiros, que recebeu o título de Bu-qui-ti-bum, cujo arranjo é de autoria de Lyrio Panicalli. – Jorge Veiga, com a sua estranha e original voz, vem de gravar para a Continental uma produção de Ary Barroso e Amâncio[1]. Trata-se do samba Carne Seca Com Tutu. – A Victor já colocou n praça a última composição da dupla Alberto Rossi e Lazzoli[2], interpretada por Carlos Galhardo, intitulada O Resto é Silêncio, uma inspirada valsa. – O primeiro disco da “Toda América” a ser colocado nas revendedoras é gravado por Nilo Sérgio, que pertenceu ao cast da Continental. Speak Low, beguine de Kurt Weill e Ogden Nash e aquele célebre Cavaleiros do Céu foi o que Nilo gravou neste seu primeiro disco para a novel etiqueta. – A versão da canção italiana que celebrizou Gino Bechi, então conhecido apenas por um número reduzido de pessoas, Estrada do Bosque, de C. A. Bixio, foi gravada por Francisco Alves para a Odeon. Já ouvimos as provas e ficamos otimamente impressionados. Em próximas notas analisaremos o disco.

Elizeth Cardoso
– Vários artistas da Continental passaram-se para a nova etiqueta “Toda América”: Nilo Sérgio, Ademilde Fonseca, a orquestra de Francisco Sergi foram os primeiros. – Em compensação, o novo selo nos vai apresentar valores novos, como Araci Costa, Elizeth Cardoso, Marchelli,[3] Dupla Zoológica, Os Boêmios, Helena de Lima e outros. A garota, ao que se diz, de maior prestígio na nova marca é Elizeth Cardoso, que é dona de um timbre vocal interessantíssimo. Gravou ela, Complexo, samba de Wilson Batista e Magno de Oliveira, e Canção de Amor, de Elano de Paula[4] e Chocolate. – Dentro de alguns dias a Continental colocará nas revendedoras as recentes gravações do conjunto de Georges Henry, com William Fourneau. Trata-se, como já noticiamos, das seguintes gravações: Holiday for Strings, Dança do Sabre, Que Nem Jiló e Trem-o-lá-lá. William Fourneau, com o seu assovio e os seus malabarismos vocais, tem papel de destaque nas aludidas gravações, que, aliás, serão alvo de nossos comentários, posto já havermos ouvido as provas correspondentes.

E é só, por hora.



Na foto: Fernando Torres, um dos mais categorizados boleristas da constelação Odeon, está presente no suplemento do corrente mês da famosa etiqueta. Quiereme... Pero Quiereme, bolero-mambo de Alfredo Parra, que Chucho Martinez já gravou, já faz algum tempo, para a Continental; e Amorcito Corazón, bolero de Manuel Esperon e Pedro de Urdemalas, também já gravado por Chucho Martinez para a etiqueta dos três sininhos, são os números que o jovem cantor nos oferecerá, aliás muito bem vocalizados e interpretados de maneira superior, condizente com o seu renome.


[1] Deve ser Amâncio Cardoso, mas há equívoco, porque o samba Carne Seca com Tutu é parceria de Ary com Vilma de Azevedo.
[2] Na verdade uma pessoa só, o maestro Alberto Rossi Lazzoli.
[3] “Marchelki” no original. Suponho que J. refira-se a Vicente Marchelli.
[4] Irmão mais velho do grande Chico Anysio.

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